A potência de remate, a capacidade de arriscar o tiro e a boa taxa de aproveitamento - 28 golos marcados em Portugal - fizeram de Bruno César o 'Chuta-Chuta'. Mas como nasceu essa alcunha? O autor é um dos nomes mais famosos do futebol mundial e ex-colega de equipa de Bruno. 

Em entrevista ao Maisfutebol, o atual jogador do Penafiel fala ainda da passagem pela seleção do Brasil e elege os maiores craques e os melhores colegas de equipa, além de recordar as dicas dadas por Roberto Carlos para a marcação de bolas paradas. Um professor de categoria. 

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Maisfutebol - Tem dois golos marcados em sete jogos no Penafiel. Continua fiel à alcunha ‘Chuta-Chuta’.
Bruno César - Tenho tentado. Com a idade vamos perdendo alguma força, mas o remate continua a ser uma das minhas qualidades. A batida na bola, os livres, os cantos. Quando aprendemos a andar de bicicleta, nunca esquecemos. Essa alcunha nasceu no Brasil e tem-me acompanhado desde a chegada a Portugal. Essas e outras ideias sobre mim. Também já disseram que só não jogava na baliza (risos).

Como é que nasceu essa alcunha?
Foi criada pelo grande Ronaldo Fenómeno, em 2010. Fizemos um grande campeonato no Corinthians e ele colocou-me essa alcunha porque a minha primeira opção era sempre chutar. Felizmente, a maior parte das bolas que eu chutava acabava por entrar. O Ronaldo gostava de mim e criou esse nome.

Esse Corinthians tinha uma equipa fortíssima. Tinha o Ronaldo e o Roberto Carlos.
Eu vinha do Santo André, um clube pequeno. Tínhamos jogado a final do Paulistão contra o Santos. Cheguei ao Corinthians e vi esses campeões do mundo. No Mundial de 2002 acordava às três da manhã para vê-los a jogar. É uma sensação fantástica. Ter o Ronaldo e o Roberto ao meu lado foi uma coisa do outro mundo, virou a minha vida do avesso. Acordava todos os dias a pensar que ia treinar com eles. A geração de 87, 88, 89 viu o Ronaldo no auge. Jogava muito, é o meu ídolo e de muitos brasileiros. E foi meu colega de equipa.

O Roberto Carlos deu-lhe algumas dicas ou truques para bater livres?
Bem, ele dava-me muitos conselhos no balneário. Dizia para gerir bem o dinheiro e ter cabeça. A bater livres ele era impressionante, como todos sabem. Claro que quando íamos treinar livres, eu ficava a olhar para ver como o Roberto fazia. A forma como ele coloca o pé na bola é muito difícil de imitar. É um pouco como a do Marcelinho Carioca. Lembro-me de ele me dar algumas dicas: ‘Olha, no primeiro livre coloca a bola no lado do guarda-redes. A partir daí, ele não vai sair desse lado e podes explorar o sítio por trás da barreira’. Dicas pequenas, mas que guardei em mim.

O Bruno remata bem com o pé direito e com o pé esquerdo. Isso é raro.
Eu tento melhorar todos os dias. Às vezes digo que o pé direito é só para ‘subir no ônibus e acelerar o carro’ (risos). Gosto de treinar o remate com o esquerdo e o direito para ter mais opções. Já fiz alguns golos de pé direito, é verdade.

Em 2011 fez dois jogos pela seleção do Brasil. Que recordações guarda da passagem pela ‘canarinha’?
Todos sonham representar o seu país. Um, dois, três jogos. Um ou dois minutos. Vesti a amarelinha e isso está registado. O meu nome está lá. O futebol português proporcionou-me muitas coisas e uma delas é a chegada à seleção, pelo que fiz no Benfica. Se não estivesse no Benfica isso não aconteceria. Joguei quatro Champions, marquei golos em grandes estádios, cheguei à seleção e isso não tem preço.

Qual foi o maior craque com quem jogou?
Tenho de responder com alguns nomes. O Pablo Aimar, o Saviola, o Luisão, o Roberto Carlos, o Ronaldo Fenómeno. Esses cinco merecem ser destacados. Estou a ficar mais velho e já não me lembro de todos (risos). Ah, o Bruno Fernandes também. O Rui Patrício e o Adrien, o Tacuara Cardozo que ainda joga no Libertad.

E o melhor colega de equipa?
Eu sou muito brincalhão e faço muitas amizades. No Benfica acho que foi o Jardel, que é um grande amigo até hoje. E o Artur Moraes. No Sporting tenho de destacar o Ristovski. No Vasco também criei boa amizade com o Danilo Barcellos, o Rossi, o Fellipe Bastos – que jogou no Benfica -, o Leandro Castán. Tenho bons amigos no futebol.