O Nápoles construiu mais jogo, mais volume e com mais intensidade. Mas o FC Porto soube aguentar o embate e ganhar novo fôlego no San Paolo na segunda parte, o suficiente para resolver a eliminatória a seu favor (2-2, depois do 1-0 no Dragão) e garantir que estará nos quartos de final da Liga Europa. Algumas das conclusões para que apontam os dados recolhidos pelo Centro de Estudos do Futebol da Universidade Lusófona.

Apesar das adaptações ditadas pela ausência prevista de Alex Sandro e pela baixa de última hora de Maicon, que forçaram a adaptação de Ricardo à lateral-esquerda e puseram Diego Reyes a fazer dupla com Mangala no centro, a defesa do FC Porto sobreviveu ao embate. 

Sete por cento de perdas de bola antes do meio-campo mais 27 por cento na zona média, na primeira parte, dão a medida das dificuldades. O número de perdas em zona defensiva até aumentou na segunda parte, mas aí o FC Porto foi capaz de construir melhor e ser mais perigoso na frente.

O Nápoles, em contraponto, mostrou enorme segurança a segurar a bola cá atrás, uma tendência que aliás já vinha do primeiro jogo: apenas três por cento de perdas na primeira parte e cinco na segunda. Mas no segundo tempo viu os dragões roubar a bola por mais vezes mais à frente.

Do primeiro para o segundo tempo, de resto, os dragões conseguiram passar a recuperar mais bolas um pouco mais à frente. Mas na generalidade foi na sua zona defensiva, ou na zona de construção, que o conseguiram fazer com mais frequência.

O volume de jogo ofensivo criado pelo Nápoles neste segundo jogo tem expressão nestes números: onze remates na primeira parte, um dos quais resultou no golo de Pandev, mais treze na segunda. 24 no total. E não foi apenas por falta de pontaria que não entraram mais, como é possível ver pelos quadros que mostram a direção dos remates. Foi muito mérito de Fabiano também, ele que se estreou como número 1 da baliza dos dragões, face à lesão prolongada de Helton.

O FC Porto registou apenas dois remates na primeira parte, só um deles enquadrado com a baliza, uma tentativa de Varela que Pepe Reina segurou. Muito diferente na segunda parte, que teve ao todo sete remates dos dragões. O golo de Ghilas, depois da soberba assistência de Fernando, aconteceu à terceira vez que o FC Porto visou a baliza de Reina no segundo tempo. As alterações de Luís Castro deram nova alma ao dragão, mas quem arrumou o assunto já lá estava desde início: Quaresma, naquele brilhante raide entre a defesa do Nápoles, para italianos verem.

Há uma enorme diferença entre os remates do Nápoles do primeiro para este segundo jogo. No Dragão a equipa de Rafa Benítez tinha visado a baliza apenas por nove vezes. O que dá ainda maior dimensão ao resultado do FC Porto e à forma como conseguiu segurar a eliminatória.

O Nápoles teve de resto enorme superioridade na capacidade de criar situações de bola parada, no total 19 contra duas do FC Porto. Mas menos de metade dos lances resultaram em situações de finalização e apenas três resultaram em remate. Os dragões aproveitaram ambas para criar condições de finalização e uma delas resultou num remate, a partir de um livre. A história do jogo fez-se também da ineficácia dos italianos, da sua incapacidade de matar o jogo, aliada à forma como o FC Porto conseguiu esperar e ser feliz.