O FC Porto acabou por conseguir uma vitória folgada, numa altura em que o próprio treinador admite não haver margem de manobra, mas teve que sofrer durante grande parte do jogo. O mau momento que os azuis e brancos estão a viver tem mais efeitos, além dos assobios que começam a ser habituais no estádio. Para os adversários, ir jogar ao covil do Dragão já tem menos de assustador. O David fez frente ao Golias e obrigou o FC Porto a suar as estopinhas.

Se é verdade que o Paços de Ferreira terminou a época passada em terceiro lugar, precisamente sob a orientação de Paulo Fonseca, não é menos verdade que teve um desastroso início de campeonato. Calisto chegou, mexeu, escolheu os reforços de inverno. Construiu uma equipa que joga de forma organizada, inteligente. Garantiu que não iria ao Dragão meter o autocarro à frente da baliza, não o fez. Disse também que não iria olhar o FC Porto de igual para igual. Não o fez, porque na primeira parte foi a melhor equipa em campo.

Del Valle, Bebé, Seri, obrigaram Helton a um trabalho que não se esperaria, em teoria, num jogo que opunha o terceiro classificado ao penúltimo. O Paços mexeu-se bem no terreno. Desceu e defendeu quando era preciso, com excelentes exibições de Jailson e Tiago Valente, principalmente. Subiu, e perigosamente, sempre que conseguiu recuperar a bola. Hélder Lopes, Seri e Del Valle dominaram o corredor esquerdo. Este último venceu aliás vários dos duelos que travou com Danilo. Bebé ia aparecendo na área, sempre imprevisível. Só Minhoca esteve apagado no ataque pacense.

O Porto estava com dificuldades na troca de bola, na progressão em campo. Herrera e Fernando faziam o duplo pivot, com o mexicano muito preso. Josué tinha bastante terreno para cobrir, e nem sempre o conseguiu fazer bem, além do desgaste que isso lhe causava. Jackson e Quaresma ainda ameaçaram, mas as grandes oportunidades de golo foram, na primeira parte, do Paços.

Até que, aos 43 minutos, Seri toca a bola com a mão na área. E Quaresma, na conversão da grande penalidade, fez o golo que mudou o encontro.

Na segunda parte o FC Porto entrou melhor. Herrera subiu no terreno, estava mais móvel, e subiu também de rendimento. O mexicano teve várias excelentes jogadas com Fernando e Josué e bons cruzamentos. Fernando regressou em grande. Com a saída de Lucho, assumiu o papel de patrão do meio campo portista, e assentou-lhe bem o papel.

O Paços não cruzou os braços. Ia ameaçando. No Dragão os adeptos queixavam-se porque sabia a pouco. Um golo de vantagem era arriscado, mas sobretudo queriam ver mais atitude atacante da equipa.

Até que, aos 88 minutos, numa recuperação de bola no meio campo, Fernando lança Licá na esquerda, cruzamento para a entrada da pequena área e Jackson bate Degrá com um remate rasteiro. Logo a seguir, aos 90, Ricardo fez o terceiro.

As bancadas explodiram em festa e aliviou-se um pouco a pressão sobre Paulo Fonseca. O Golias derrotou o David, que acabou por levar para casa uma derrota demasiado pesada.