No mesmo período, Éder, internacional português, foi remetido para o banco de suplentes por Sérgio Conceição. Nos últimos nove encontros para o campeonato, Éder totaliza 99 minutos de utilização e um só golo.
Os números são claros: o treinador do Sp. Braga dá preferência a Zé Luís na posição nove do Sp. Braga.
Aos 24 anos, o jogador natural da ilha do Fogo, em Cabo Verde, solidifica a posição entre os bons pontas-de-lança da nossa Liga.
NÚMEROS DE ZÉ LUÍS
2009/10: Gil Vicente (II Liga), 5 jogos/4 golos
2010/11: Gil Vicente (II Liga), 27 jogos/12 golos
2011/12: Gil Vicente (I Liga), 16 jogos/5 golos
2012/13: Sp. Braga (I Liga), 23 jogos/5 golos
2013/14: Videoton (Hungria), 38 jogos/15 golos
2014/15: Sp. Braga (I Liga), 19 jogos/8 golos *
* época a decorrer
Zé Luís nos tempos do Gil Vicente
29 de novembro de 2011. O futebol sénior começa nesse dia para Zé Luís. Ainda júnior, o avançado é requisitado por Rui Quinta para uma difícil receção ao Desp. Chaves. A derrota por 0-3 não ajuda e esses 11 minutos em campo precisam de mais cinco meses para ter companhia.
O que separa esse menino contratado ao Batuque do atleta feito e herói da recente vitória em Barcelos, uma casa que tão bem conhece?
«A evolução é notória, assinalável, apesar de algumas lesões o terem travado nas últimas épocas», considera, ao Maisfutebol, o primeiro treinador de Zé Luís em Portugal, Sá Pereira.
«Estive no estádio a assistir o Gil-Braga e emocionei-me a vê-lo. Em 2009 ele já era um ponta-de-lança acima da média, com todas as características exigíveis ao lugar, mas a forma como ele agora se movimenta, como recebe a bola e como finaliza é de excelência», acrescenta Sá Pereira.
O antigo técnico salienta a capacidade de Zé Luís lutar contra as adversidades. «Repare, ele já foi forçado a parar por problemas físicos, já foi várias vezes emprestado, tem a concorrência do Éder e chega a esta altura como titular indiscutível».
Sá Pereira sublinha «o jogo aéreo fabuloso» e a «impulsão impressionante» de Zé Luís.
«Com o Zé Luís, o Gil Vicente não era o penúltimo da Liga»
«Não sei se sou eu que lhe dou sorte, mas sempre que o vejo jogar ele joga bem. O jeito que ele dava este ano ao Gil Vicente! Com um ponta-de-lança deste nível, de certeza que o Gil não era penúltimo. Digo isto respeitando todos os jogadores do clube, mas é um facto» .
Sá Pereira esteve 14 anos ligado ao emblema minhoto e assistiu, como escrevíamos, ao surgimento de Zé Luís.
«Sim, em 2009 ele chegou-me às mãos. O Batuque fez uma digressão pelo Norte do país, os responsáveis do Gil observaram-no e não tiveram dúvidas. Veio para o nosso clube com mais dois miúdos caboverdianos (Suell e César)», recorda o ex-treinador do avançado.
«Não tinha tiques de vedeta, nada. Era avançado e ajudava a defender, gostava de treinar. Era impecável no trabalho. Não estava na terra dele, mas foi muito apoiado pelo clube e devidamente integrado».
José Costa, funcionário da formação do Gil Vicente, deu-lhe «guarida e carinho», além de o ter «integrado na própria família».
Zé Luís vivia num apartamento T3 do clube, fazia as refeições num restaurante da cidade, que tinha um protocolo com o Gil, e auferia um salário ainda muito baixo. Outros tempos.
Em entrevista ao Maisfutebol, publicada em abril de 2010, Zé Luís afirmava-se fã de Didier Drogba. «Revejo-me no seu estilo de jogo, é o meu ídolo».
Muito tímido, também se referiu ao primeiro contrato profissional da carreira, rubricado precisamente com o Gil Vicente. «Fiz um jogo pelos juniores e fizeram-me uma proposta para assinar. Pensei logo: Fixe!».
Cinco anos depois, Zé Luís é um nome importante na Liga. Sá Pereira vaticina-lhe voos ainda maiores. «O empréstimo a um clube húngaro fez-lhe bem, deu-lhe experiência e estabilidade emocional. O resto ele tem, não lhe falta nada para ser um ponta-de-lança de topo».