* Por Filipe Beja 

André Lima ainda é, a par de Joel Queirós, o melhor marcador da Seleção Nacional de futsal, ambos com 107 golos marcados. Carismático futsalista, camisola 7, dono de pé esquerdo memorável, faro de golo implacável, somou 111 internacionalizações – ou seja, média de um golo por partida – entre novembro de 1997 e julho de 2007, com relevo especial para o bronze conquistado na Guatemala. Marcou presença nos Mundiais 2000 e 2004, e nos Europeus 1999, 2003 e 2005. Entre outubro de 2003 e novembro de 2004 marcou golos em 15 (!) jogos consecutivos.

A poucos dias de Portugal começar a sua participação na 7ª fase final consecutiva de um europeu, a Futsal+ foi procurar saber que expectativas tem André Lima para a prova que começa para a Seleção Nacional no próximo dia 4 de fevereiro:

F+ - André Lima, o que sentia quando toca o hino? Ficava com pele de galinha?

A.L. - Sempre que se ouve o hino nacional seja na primeira ou ultima internacionalização é um momento de motivação e de emoção.

F+ - O que significa vestir a Camisola das Quinas?

A.L. - Significa o reconhecimento do valor como atleta, um orgulho enorme e onde todos têm como objetivo chegar.


Portugal foi medalha de Bronze no Mundial da Guatemala (foto: FPF)

F+ - A Guatemala ficou seguramente com um cantinho especial na sua memória desportiva. Partilhe uma história marcante desse Mundial.

A.L. - O mundial da Guatemala vai ser sempre uma das maiores conquistas do futsal nacional. O mais marcante para mim foi que, tirando o grupo de trabalho, ninguém acreditava que chegássemos onde chegámos. Até a federação não tinha planos para a comitiva ficar na Guatemala depois da fase de grupos, mas a verdade é que só viemos embora no último dia da competição com a medalha de bronze.
 
F+ - Será desta que Portugal vai conquistar um grande título internacional?

A.L. - Esperamos que sim, mas é sempre muito difícil e imprevisível. Devemos pensar jogo a jogo, jogar com a concentração no máximo porque qualquer erro sai caro nestas competições. Vamos todos torcer para que seja desta.


André Lima, com a medalha da UEFA Futsal Cup, que conquistou em Lisboa em 2010 como treinador do Benfica

F+ - Há um ou vários candidatos ao título europeu?

A.L. - Os candidatos, para mim, serão Espanha, Itália e Rússia por toda a história nos europeus. Estas equipas são sempre as maiores candidatas. Depois vêm algumas seleções que podem criar surpresa entre as quais incluo Portugal.

F+ - Na primeira fase, Portugal jogará com a seleção da casa (Sérvia) e com a Eslovénia, dois adversários com quem tem saldo bastante positivo. Passar aos quartos de final como primeiro classificado do grupo seria importante, até para eventualmente evitar Espanha e Itália na fase a eliminar?

A.L. - Na fase de grupos, Portugal tem de fazer a sua obrigação, que é ganhar os dois jogos. Portugal é mais forte, mas tem de fazer valer essa força em campo, porque não serão jogos fáceis. No entanto, com maior ou menor dificuldade, Portugal vence os dois jogos. Depois da fase de grupos, pouco importa quem será o adversário porque a partir dali, se quer chegar a uma final, tem de vencer quem aparecer pela frente.

F+ - As escolhas de Jorge Braz não foram fáceis, tendo em conta a qualidade cada vez maior dos jogadores portugueses. Acha que os 14 eleitos dão garantias de sucesso?


A.L. - Um selecionador quando faz uma convocatória para um torneio desta dimensão escolhe aqueles que ele acha que dão mais garantias. Tem a felicidade de ter um lote alargado de escolhas, e com certeza na mente dele este grupo tem todas as soluções para atingir os objetivos a que se propuseram.

F+ - Pela primeira vez, o selecionador nacional convocou apenas dois guarda-redes para assim ter mais opções em jogadores de campo. Isto também porque na fase de grupos não pode contar com Cardinal, por estar castigado. Concorda com a decisão?

A.L. - É um risco assumido pelo treinador. Mas a verdade é que se todos nós fizéssemos uma convocatória provavelmente seriam todas diferentes, foram as opções dele e depois de as tomar penso que deve ter o apoio de todos, se no fim correr mal com certeza ele assumirá essa responsabilidade, se correr bem vão todos dizer que afinal fez bem. Todas as opções que um treinador toma serão sempre questionáveis, mas só ele as pode tomar. A vida de treinador é assim e sempre será.



F+ - Ter só um pivô que ainda por cima não pode ser utilizado nos dois primeiros jogos é um grande handicap para a seleção nacional?

A.L. - Voltamos à mesma questão das opções. Optou por levar o Cardinal nessas condições, é um risco assumido por ele. Lembro uma situação idêntica que se passou no Mundial da Guatemala com o guarda redes Carlos França, que tinha sido castigado no apuramento. O Orlando Duarte optou por não levar um dos melhores guarda-redes de sempre, e mesmo assim a Seleção chegou ao terceiro lugar. O selecionador tinha outras opções, outros nomes. São opções. Quanto a mim, como disse, depois de ele ter feito as suas opções tem todo o meu apoio.

F+ - Nas últimas fases finais, tem faltado sempre algo a Portugal para superar seleções como Espanha, Itália ou Rússia. Isto terá a ver também com a qualidade (e intensidade) dos campeonatos desses países?

A.L. - Tem a ver com tudo um pouco, mas na minha opinião terá mais essencialmente a ver com a qualidade dos jogadores e com a organização de jogo das equipas. Aquela que tem melhores jogadores e mais organização tem muito mais condições de sucesso.