As duas faces da mesma moeda. Cedric Soares e Ricardo Dias, os efeitos contraditórios de um sucesso incontestável. O primeiro, emprestado pelo Sporting, impôe-se naturalmente na Académica e saboreia os juros recolhidos pelo investimento no Mundial de sub-20; o segundo ainda procura o seu espaço no Beira-Mar, após vários anos nos escalões de formação do F.C. Porto e algumas chamadas à equipa principal em 2009/10.

Ao Maisfutebol, Cedric fala sem indecisões no discurso. «O Mundial abriu-me muitas portas», sublinha o lateral direito, titular absoluto nas escolhas de Ilídio Vale no último Verão. Ricardo Dias não pode afirmar o mesmo. «Para ser sincero acho que o Mundial não serviu para nada. Não tem influência nenhuma no que se está a passar na minha carreira.»

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O júbilo e a desilusão. Tantas vezes de mãos dadas. Cedric soma já 720 minutos de competição. Dias não passa dos 188. Exemplos perfeitos do antagonismo perpetrado pela mesma experiência em diferentes pessoas.

Cedric Soares insiste. «Sinto-me mais respeitado, todos olham para mim de maneira diferente. Abrimos muitas portas às próximas gerações de futebolistas portugueses», refere o defesa direito ao nosso jornal. «Tenho aproveitado bem a minha passagem por Coimbra. Sinto-me mais maduro e com capacidade para ir ainda mais longe.»

O que mudou para os vice-campeões?

Ricardo Dias tem sido quase sempre uma opção secundária nas opções de Rui Bento. «Gostava de já ter jogado mais, claro, mas o colega [Nuno Coelho] que actua no meu lugar tem estado bem e o treinador não vê razões para mudar. Vou continuar a trabalhar à espera da minha oportunidade.»

Numa coisa, Cedric e Dias estão de acordo: a qualidade da formação em Portugal é excelente e justifica um outro olhar. «Provámos isso na Colômbia. Podemos estar descansados, há muito valor nos nossos jovens. Creio que esse trabalho estava adormecido, mas a nossa prestação reavivou-o», alavanca o defesa.

O centrocampista pede «uma mudança de mentalidades». «Acreditei que o que fizemos no Mundial ajudasse, mas mudou pouca coisa. No fundo as coisas continuam na mesma.»

Para despedida, Cedric recua até ao Verão e fala dos dois jogos mais relevantes no percurso de Portugal. «O mais marcante foi o dos quartos-de-final, contra a Argentina. Percebemos aí que podíamos ser campeões. O que mais prazer me deu fazer foi o da final contra o Brasil.»