Hugo Viana sente-se um cidadão do Mundo, agora mais pai de família do que jogador de futebol. Nasceu em Arcozelo, Barcelos, no dia 15 de janeiro de 1983. Hoje, vive no Dubai, onde tem de cumprir os preceitos do Ramadão. Ele e a família, como é regra entre eles.

Aos 14 anos mudou-se para Lisboa para jogar no Sporting e esteve em Alvalade até aos 19; idade com que rumou a Inglaterra para ser treinado por Bobby Robson no Newcastle. Mas a experiência não foi positiva e voltou a Lisboa e ao Sporting dois anos depois.

Seguiu-se Espanha em 2005/2006, para jogar no Valencia e no Osasuna. E, em 2009/2010, Viana regressou a Portugal para representar o Sp. Braga.

Casado desde os 20 anos, foi com a mulher que sempre se aventurou nos novos desafios que enfrentou. Ambos decidiram, em 2013, rumar aos Emirados Árabes Unidos, onde Hugo Viana assinou por duas épocas com o Al Ahli.

«Regressar a Portugal? Não! Isso está fora dos planos»

«A ideia já tinha surgido há muito tempo e concretizou-se com a proposta e com a vontade da minha família. Sabíamos que seria uma mudança muito grande, mas já estávamos habituados a andar de um lado para o outro», revelou ao Maisfutebol.

Apesar de ser um país novo, num continente onde apenas tinha estado para o Mundial 2002, na Coreia do Sul, no qual foi substituir Kennedy, não houve nenhum choque cultural. Porque, habituados a novas experiências, visitaram a nova cidade antes da mudança definitiva.

«Antes de nos mudarmos e de eu aceitar esta proposta, viemos cá ver casas, escolas para os nossos filhos e outras coisas e percebemos que não seria uma mudança muito estranha, nem para nós, nem para eles», justifica.

Até porque, diz o médio, «os Emirados Árabes Unidos e, mais em particular, a cidade do Dubai estão preparados para receber qualquer cidadão vindo de qualquer parte do Mundo e recebem-no de braços abertos». «Sem olhar a raça, religião ou a outra diferença», especifica.

E o emirado do Dubai é muito desenvolvido: «É uma cidade apetecível, não só para férias como para viver. Aqui, faço quase mais coisas do que fazia noutros países. As pessoas têm uma ideia errada. Quando vamos de férias perguntam: A tua mulher pode conduzir? Pode andar na rua à vontade?. Claro que sim! Não sentimos qualquer limite.»

Nem a língua foi um entrave, porque, no Dubai, fala-se «maioritariamente inglês»; língua que Hugo Viana aprendeu e desenvolveu nos tempos em que vestiu a camisola dos magpies. «Há muita gente estrangeira e na rua ou nos restaurantes o que se ouve falar é inglês. Além disso, os miúdos andam em escolas onde também se fala português e nós damo-nos muito com portugueses», explicou.

Ainda assim, é claro que há coisas que alteraram o dia a dia de Hugo Viana: como é o caso do Ramadão. «Sou vítima das mudanças, mas não lido mal com isso. Dorme-se de dia e trabalha-se à noite. Mas, ao contrário dos meus companheiros de equipa, não vou em jejum para os treinos. Só faço os horários deles. Os treinos são às 23h30, depois vamos jantar», admitiu.

Sendo essa «apenas uma mudança estranha, mas que não é difícil de cumprir», Hugo Viana e a família pretendem continuar a viver neste país do Oriente, pois, o esquerdino não se importa de abdicar da carreira de futebolista (que não vai durar muitos mais anos, uma vez que já soma 32) pela mulher e pelos dois filhos.

«Liga dos Emirados carece de profissionalismo»

Até lá vai jogando  ao lado de jogadores árabes que o têm surpreendido pela qualidade e numa Liga «com potencialidade para evoluir», na qual já ganhou o título de campeão. Foi pelo Al Ahli, logo no ano de estreia, como aconteceu no Sporting em 2001/2002.