Grande surpresa no fórum de treinadores em Setúbal: Quinito foi homenageado pelos colegas, voltou a falar e colocou vários companheiros em lágrimas.

Henrique Calisto, Silvino Louro, Domingos Paciência e o Prof. Neca, por exemplo, não esconderam o pranto, virando as costas ao público, enquanto colocavam as mãos na cara.

O próprio Quinito não conseguiu segurar as lágrimas.

Recorde-se que o treinador está afastado do mundo do futebol desde que o filho faleceu, em 2009, quando tinha apenas 32 anos.

Desde então entrou numa depressão que o afastou do mundo, e dos amigos: fechou-se sobre ele, nunca mais falou publicamente, teve sérias dificuldades em lutar contra a doença. Muita gente tentou devolvê-lo ao mundo mediático, mas nunca aceitou.

Esta terça-feira, e por iniciativa de Henrique Calisto, a Associação Nacional de Treinadores de Futebol fez uma homenagem a Quinito que tirou o antigo treinador de casa: à tarde deslocou-se ao Fórum Luísa Todi, onde foi alvo de uma sentida homenagem.

Tudo começou, de resto, com Henrique Calisto a falar.

«Há muitos como eu, mas não há nenhum como o Quinito. Ele transformava o mundo do futebol. Quinito, eu sei que houve uma tragédia, mas não nos deixes órfãos», atirou o treinador, colocando desde logo Quinito a chorar.

«O futebol precisa de ti. Peço uma grande salva de palmas para que ele volte ao futebol.»

Nessa altura a sala levantou-se num grande aplauso e Quinito ganhou coragem para falar ao público, explicando tudo o que lhe tem passado pela cabeça.

«Tenho um grande sentimento de culpa, vivemos o futebol vinte e quatro horas, não vimos crescer os filhos, não ouvi pela primeira vez o meu filho dizer ‘pai’, não vi o meu filho aprender a andar de bicicleta, não vi o meu filho aprender a nadar, não o abraçava todos os dias, passavam-se meses sem que o abraçasse. O futebol saiu-me caro», referiu.

«Não esperava uma coisa destas, vai dar-me força para tentar tirar um pouco a culpa de mim. Pondo na balança alegria e as amizades que fiz no futebol e não ter visto crescer o meu filho, que já não está cá, não sei o que pesa mais. É esta dúvida que me dá cabo da cabeça.»