O avançado morreu. No seu lugar nasceu um candidato a estrela de rock. Com direito a tudo o que essa vida promete: cigarros, álcool, viagens à volta do mundo, fãs. Pablo Daniel Osvaldo divorciou-se do futebol e não tem uma ponta de arrependimento em si. O homem só quer poder fazer o que lhe apetece.

«Não me tenho de preocupar em ser um exemplo para alguém. Não quero ser exemplo de nada, quero que me deixem viver tranquilo, como se fosse o padeiro da esquina», diz Osvaldo à publicação Pagina 12, da Argentina.

A entrevista é longa e versa fundamentalmente esta transição entre duas vidas. O adeus aos relvados e o abraçar da paixão na música. A sua nova banda chama-se Barrio Viejo.

Dani Osvaldo na chegada ao FC Porto: «Sou um lunático»

«O mundo do futebol é uma bolha e nessa bolha nada é real. Há muita frivolidade e calculismo. A dada altura questionei tudo. Comecei a pensar 'preciso de fazer isto?', 'tenho de fazer estes sacrifícios'? Para mim tornou-se impossível estar nesse mundo.»

Dani Osvaldo foi internacional italiano, jogou na Juventus, no Boca, no Inter e esteve seis meses no FC Porto. Fartou-se das obrigações e das «mentiras» da comunicação social.

«Diziam que eu fumava muito, que eu bebia whisky e só queria pensar em rock. E que me deitava sempre às 5 da manhã... Porra, eu joguei 11 anos na Europa ao mais alto nível. Se fumasse 50 cigarros por dia e bebesse acham que aguentava? Não pá, eu não sou o Messi, tinha de treinar muito, deitar-me cedo e comer saladas. Depois, de longe a longe, sim... bebia o meu whisky e fumava. Mas a minha vida não era isso.»

«O futebol deu-me tudo, não o quero mudar, mas já não é para mim», resume Dani Osvaldo. «Estou apaixonado pela música, pelo amadorismo que há nisto. Para já estamos a trocar para 15 pessoas, mas o objetivo é ter mais gente a ouvir-nos. Prefiro isto a jogar futebol na China (risos).»

Num ato de contrição, Osvaldo assume ter feito «mil asneiras» na vida profissional e pessoal, mas garante ser «um rapaz bom e sonhador», com «uma relação complicada com o compromisso».

No FC Porto, entre julho e dezembro de 2015, fez 12 jogos oficiais a 1 golo. Mas aí, a vida de rock star já comandava os sonhos de Osvaldo.