Houve uma altura em que os nomes de Johan Cruijff e do FC Portos se cruzaram: não chegaram a caminhar lado a lado, mas andaram perto disso.

Aconteceu em junho de 1970, na ressaca da pior temporada da história do FC Porto: com o escocês Tommy Docherty no comando técnico, a equipa azul e branca não vai além de um modesto nono lugar no campeonato. A pior classificação de sempre.

Ora por isso o FC Porto andava às turras à parede quando a direção do clube decide dar um passo em frente. Em Assembleia Geral lança então um repto audacioso.

«Se os seis mil associados que disseram sim à Direção se subscreverem com mil escudos cada um, poderemos comprar não o Eusébio, mas um jogador de real valor», anunciou Pinto de Magalhães na referida Assembleia Geral.

Ora segundo conta o almanaque «Glória e vida de três gigantes», os seis mil adeptos subscreveram o desafio da direção e prometeram doar os seis mil contos necessários para contratar o tal craque de nível mundial que daria a curva no destino do clube.

Uns dias depois, a 3 de junho, quando Pinto da Costa ainda era apenas um seccionista do hóquei em patins, a direção anunciou ter feito diligências no sentido de contratar um craque de nível mundial, tendo para isso contactado o Ajax para comprar... Johan Cruijff.

O sonho tornou-se porém impossível, já que o FC Porto ofereceu seis mil contos, mas o Ajax exigiu oito mil e o próprio Cruijff pediu três mil: ao todo seriam necessários, portanto, onze mil contos, praticamente o dobro do que os dragões tinham somado.

Refira-se que o facto do FC Porto não disputar as competições europeias da época a seguir, depois de terminar em nono lugar, foi um forte obstáculo à contratação do craque holandês, que pediu demasiado dinheiro para não se transferir para o Estádio das Antas.