Artigo actualizado às 12:00

Cerca de 700 voos devem ser anulados esta quarta-feira na Alemanha, dos oito mil que se realizam habitualmente, devido à nuvem de cinzas provocada pela erupção do vulcão islandês Grimsvotn, segundo a organização de segurança aérea europeia Eurocontrol, escreve a Lusa.

«Contamos com a anulação de 700 voos no dia de hoje no espaço aéreo da Alemanha, de um total, em condições normais, de 8.000 na Alemanha e 29.000 na Europa», indicou a Eurocontrol no twitter, segundo a AFP.

Recorde-se que o tráfego aéreo esteve paralisado esta quarta-feira de manhã no norte da Alemanha devido à nuvem de cinzas.

Os aeroportos de Berlim encerraram às 11:00 locais (10:00 em Lisboa), anunciaram as autoridades de segurança aérea da Alemanha, segundo a AFP.

Mas o aeroporto de Hamburgo já estava encerrado desde as 06:00 locais (05:00 em Lisboa). E o aeroporto de Bremen, outra cidade portuária do norte da Alemanha, igualmente sem voos desde as 05:00 locais (04:00 em Lisboa).

Mas o ministro dos Transportes alemão, Peter Ramsauer, anunciou, entretanto, a reabertura progressiva dos aeroportos do norte da Alemanha e de Berlim durante a tarde, depois da passagem da nuvem de cinzas do vulcão islandês.

«A nuvem está a deslocar-se para nordeste», disse Peter Ramsauer em Berlim, indicando que os aeroportos «vão reabrir mais depressa do que o previsto».

O ministro precisou que o tráfego no aeroporto de Hamburgo, segunda maior cidade do país, estava quase a abrir enquanto que o de Bremen já tinha sido retomado.

Nuvem esperada

A nuvem de cinzas libertada pela erupção do vulcão islandês Grimsvotn era esperada, depois do fenómeno idêntico em 2010, e é expectável que volte a acontecer, mas com menos intensidade, explicou esta quarta-feira o vulcanólogo Vítor Hugo Forjaz.

Em declarações à Lusa, o responsável pelo Observatório Vulcanológico e Geotérmico dos Açores (OVGA) adiantou que o fenómeno natural provocado pelo vulcão Grimsvotn «é semelhante» ao que ocorreu no ano passado num vulcão do glaciar Eyjafjllajokull, mas «mais atenuado porque há menos gelo, há menos água, há menos explosividade».

Vítor Hugo Forjaz adiantou que o OVGA faz controlos de quatro em quatro horas da nuvem de cinzas, porque «tem ligações a quase todos os vulcões do mundo e três deles fazem parte da rotina».

«Esta reactivação já estava a ser aguardada há muito tempo, isto não é novidade. Estamos num mês de maio frio, já devia ter existido o degelo, mas ainda não houve o degelo total e, portanto, o vulcão surgiu mais cedo do que o previsto, mas o que é o atraso de um mês em geologia? Não é nada», disse.

Nesse sentido, garantiu o vulcanólogo da Universidade dos Açores, os «colegas da Islândia já estavam aguardando este evento, este acontecimento, e eles tomaram medidas bastante rigorosas».

No que diz respeito ao território português, o vulcanólogo admitiu que há a possibilidade de esta nuvem de cinzas chegar aos Açores «se se mantiver este frio e este vento norte que tem sido constante nas últimas semanas».