Nicolas Sarkozy fez ouvidos de mercador ao Conselho da Europa e levou avante a sua decisão de proibir o uso do véu islâmico no país. Proibir em nome da liberdade. O presidente francês reconhece que «é um caminho exigente, mas um caminho justo».

O Governo francês aprovou, esta quarta-feira, em Conselho de Ministros, o projecto de interdição do véu islâmico integral em espaço público, noticia a France Press, citada pelo Libération. A decisão mereceu, no entanto, menos consenso do que a resolução aprovada na Assembleia Nacional francesa, por unanimidade, a 11 de Maio.

O projecto prevê que nas empresas, locais públicos e ruas «nenhuma pessoa pode usar roupas para disfarçar seu rosto», com excepção para o uso de capacete de motocicleta, forças de segurança ou carnaval.

Quem violar a regra, pode ter que pagar uma multa de 150 euros ou fazer um estágio de cidadania, para ficar a conhecer os valores republicanos. Maridos ou companheiros que obriguem as mulheres a tapar-se também serão punidos com multas de 150 euros ou, em último caso, a prisão.

As medidas nunca entrarão em vigor antes da Primavera de 2011. Primeiro haverá um período de formação pedagógica, garante o deputado comunista André Gerin, que preside à Missão Parlamentar Sobre a Interdição do Véu Integral no Território Nacional.

Para desgosto do presidente Nicolas Sarkozy, o Conselho de Estado voltou a emitir um parecer negativo, apontando para a «forte incerteza constitucional». Independentemente dessas dúvidas, o texto será debatido pelos deputados em Julho e pelo Senado no início de Setembro.

O tema tem literalmente incendiado a opinião pública francesa. O primeiro-ministro, François Fillon, vem trabalhando para desbravar o terreno e vai recebendo partidos religiosos e autoridades.

Mas, ainda na terça-feira, a polícia foi chamada por causa de distúrbios durante um debate sobre o uso do véu. A comunidade islâmica no país considera a medida «estigmatizante».