Jorge Jesus, depois do empate com o Portimonense (1-1):

[Sabendo o resultado, tinha feito as mesmas apostas?]

«No lançamento desta equipa para o jogo de hoje houve vários pormenores. Tinha jogadores castigados, a outros procurei dar-lhes algum descanso. E também foi para mostrar que não temos uma equipa com onze ou doze jogadores. Sabendo que havia um certo risco por serem jogadores que não estavam com tanto ritmo como os outros, faria exactamente aquilo que fiz antes do jogo. Ganhei muita a coisa, só não ganhei o jogo».

[Depois de Braga disse que ia continuar a lutar pelo título, e agora?]

«Não tento, pela minha vocação e pela minha honestidade, branquear as coisas. Cada vez está mais difícil, há menos jogos, o nosso rival, depois do jogo com o Braga, ficou com mais pontos de avanço. Não deitamos a toalha ao chão, mas sabemos que é difícil. Como estamos em três frentes, estes jogadores podem vir a ser importantes numa situação em que tenha de contar com eles».

[Estava já com a cabeça na Liga Europa?]

«Estava voltado para esse jogo, o lançamento desta equipa foi a pensar nisso. Sabemos que vai ser um jogo complicado para as duas equipas. Partimos em vantagem porque no primeiro jogo ganhámos. Na quinta-feira, não vou ter dúvidas sobre os jogadores que vão entrar no jogo, quanto a alguma fadiga muscular. A minha convicção é que a equipa pode estar muito melhor do que se tivessem jogado hoje. Pelo menos, espero que sim».

[O resultado de hoje é justo?]

«No futebol, a justiça são os golos. É verdade que o Portimonense na primeira parte fez um golo de grande penalidade e foi duas vezes à nossa baliza. Na segunda parte, face à nossa procura de ganhar o jogo e por darmos mais espaços a jogadores que são rápidos, quando há 1-0, há uma oportunidade para o 2-0, mas o Portimonense, por aquilo que trabalhou, pela sua atitude, por ter marcado primeiro, no fundo também mereceu o empate».

[Gostou de ver os jogadores menos utilizados?]

«Claro que sim. Para fazermos crescer jogadores, temos de correr riscos. Por exemplo, o Roderick, que foi o primeiro jogo que fez a titular, é um jogador que acreditamos para o futuro do Benfica. Achei que era possível lançá-lo no jogo, o erro de pormenor que fez, sabemos que é normal nesta idade, faz parte do crescimento. O miúdo Carole também esteve bem, tirei-o, não porque estivesse a jogar mal, mas porque precisávamos de mais velocidade. Sabia que se não chegasse aos 60 minutos a ganhar, não ganhava. São jogadores sem ritmo competitivo, mas ainda assim conseguimos empatar. O que não correu bem, foi não ter ganho, tudo o resto correu bem».

[Nuno Gomes jogou 29 minutos esta época e marcou dois golos. Conta com ele?]

«Não muda nada. Sei quais são as suas características, sem que nestas situações ele sabe estar no momento certo, sabe cheirar o golo. Mas também sei que noutras situações já não tem tanto andamento. Acredito nele em determinados jogos, foi o que fiz hoje. A verdade é que cada vez que é chamado, tem marcado».

[Mas ele disse que queria jogar mais um ano. É possível acabar a carreira no Benfica?]

«Sobre siso não posso falar. Aquilo que gostava é uma coisa, mas o Nuno é que sabe qual é o futuro da carreira desportiva dele. O Nuno tem tido um comportamento espectacular, é um capitão que se interessa pelos factores colectivos da equipa, não olha para a questão pessoal dele».

[Aimar saiu insatisfeito?]

«Não vi isso. Também não me preocupa».

[Fala-se num possível castigo por causa dos incidentes com o Nacional. Que tem a dizer?]

«Disseram que podia levar nove meses de suspensão, mas pelo que fiz não acredito. Não fiz nada, não agredi ninguém. Entre tudo em que me possam penalizar, não acredito que seja algo mais do que uma situação pecuniária. Caso contrário, teremos de analisar. A melhor testemunha que já foi ouvida foi o Luiz Alberto».