José Mourinho foi igual a ele próprio e encantou os jornalistas italianos. Na primeira conferência de imprensa, de lançamento da estreia na Série A, o treinador português foi pragmático, deu frases fortes, fez piadas, sorriu e arrancou grandes elogios, como se percebe ao ler a imprensa italiana.

Pelo caminho, deixou algumas mensagens. A primeira, e mais importante, é talvez a de que está muito contente com o trabalho feito por Tiago Pinto e pela direção da Roma no mercado.

«O que me falta? Agora só me falta os três pontos. Eu entendo a pergunta, o nosso mercado foi muito de reação, porque perdemos dois jogadores [Spinazzola e Dzeko] que não pensávamos que íamos perder. É por isso que não contratámos jogadores que, para mim, poderiam ter equilibrado mais o grupo», começou por dizer Mourinho.

«Mas quando uma direção faz um esforço como esta direção fez, não tenho o direito de pressionar ou de pedir algo mais. Estou muito feliz com o que tenho, por isso tudo o que peço é tempo, e vou continuar a esconder-me atrás dessa palavra-chave. O que eu quero agora é trabalhar, trabalhar e trabalhar com os jogadores. Em janeiro ou no verão teremos tempo para mais.»

De resto, e como já se percebeu, a tónica dominante do discurso de Mourinho é nesta altura a necessidade de tempo para trabalhar e colocar a equipa da Roma a jogar como ele quer.

«Não haverá jogo onde não entremos vencer. É o nosso princípio de vida, mesmo quando jogamos contra adversários com mais potencial. A Roma é um clube gigante, igual a muitos outros que já treinei, mas a natureza deste projeto é outra coisa», referiu.

«No Chelsea, no Inter, no Real Madrid, os projetos eram óbvios, tínhamos que vencer hoje. A Roma está numa situação diferente, há muito tempo que não ganha, terminou a última Liga a 29 pontos do campeão, por isso é óbvio que precisa de tempo.»

No fundo, Mourinho tinha a mensagem bem preparada. «Deixem-nos estar tranquilos», sublinhou. «Nós vamos querer vencer todos, mesmo aqueles os mais bem apetrechados».

Para este domingo, frente a uma Fiorentina «muito forte e com um excelente treinador», Mourinho convocou Tammy Abraham, mas o inglês vai começar no banco. O português deve apostar num onze próximo daquele que quinta-feira venceu o Trabzonspor porque a equipa precisa de jogos.

Pelo caminho, o treinador deixou um claro aviso aos adeptos: a Roma precisa deles e não precisa apenas do apoio deles. Precisa que eles entrem em campo com os jogadores.

«Há três formas de estar no estádio: às vezes os adeptos estão lá, às vezes estão lá para ajudar e às vezes estão lá para jogar. Eu espero que amanhã estejam no estádio para jogar», referiu.

«É fácil de perceber que a paixão dos adeptos da Roma é tremenda, vi isso quando era adversário, por isso se somarmos a paixão com as saudades de ir ao estádio, acho que eles podem vir para jogar connosco e aí será muito mais difícil para uma grande equipa como é a Fiorentina.»