A vida de Kelvin não pula e avança: atropela tudo que lhe aparece à frente. Só assim se explica a evolução estonteante que teve nos últimos meses. «Para mim foi tudo muito rápido», diz ao Maisfutebol. «Estava nos juniores, de repente estava nos seniores e de repente estava no F.C. Porto.»

Os azuis e brancos foram mais rápidos do que toda a gente e fecharam negócio em Janeiro. Numa altura em que se falava da cobiça dos grandes brasileiros, com o elogioso Scolari à cabeça, o F.C. Porto surgiu rápido, chegou a acordo, fez os exames médicos e assinou contrato em Porto Alegre.

«Eu estava nas camadas jovens do Paraná Clube. Então o meu treinador Roberto Cavalo foi ver um jogo dos juniores e gostou de mim. No final veio falar comigo e disse-me para no dia seguinte ir treinar com os seniores. Eu fui, ele gostou do treino que fiz e me convocou para o jogo do dia seguinte.»

O jogo do dia seguinte era com o Guaratinguetá. «Entrei na segunda parte e fiz um golo. Então nunca mais saí da equipa.» Em três dias passou dos juniores a aposta séria nos seniores. Mas não foi tudo: em quatro meses passou dos juniores do Paraná a jogador do F.C. Porto. «Aconteceu muito depressa.»

Na base deste salto está um pé esquerdo que Roberto Cavalo, o tal treinador que o descobriu nos juniores, diz ter sido «educado por Deus». Kelvin agradece o elogio e diz que não tem medo do desafio. «Desde pequeno que eu sempre me destaquei. Joguei sempre dois anos à frente da minha idade.»

«F.C. Porto? Às vezes penso se é mesmo verdade...»

O futebol começou aliás na vida de Kelvin muito cedo. «O meu pai trabalhava num banco e aos seis anos comecei a jogar nas escolinhas de uma associação de que o meu pai era sócio. Dei nas vistas e um empresário, que ainda hoje me representa, levou-me para o Paraná quando tinha nove anos.»

«No início fui jogar futsal e quando tinha onze anos passei para o futebol de onze. Aqui no Brasil é normal começar-se no futsal, muitos grandes jogadores começam assim. Dá mais técnica. Depois me fui destacando nas várias categorias jovens do Paraná», conta o jovem, que nem sempre foi atacante.

«Quando comecei a jogar futebol de onze era lateral-esquerdo. Cheguei à equipa do Paraná e não tinha ninguém para essa posição. Como era esquerdino, eu fui quebrar esse galho. Mas com o tempo, e como era muito tecnicista, fui subindo no terreno. Hoje me estabeleci como médio de ataque.»

No Paraná Clube Kelvin é já um ídolo. «As pessoas aqui confiam muito no meu talento. Tantos os directores quanto os adeptos. Eu quero agradecer todo esse carinho que me dão. Desde a primeira hora que eu vesti esta camisola que tentei honrá-la e vou fazê-lo até ao último minuto», garante.

O F.C. Porto, adianta, é o amor que se segue. Ou antes, é um amor que começa a ocupar grande parte do coração de Kelvin. «Às vezes é complicado, tenho contrato com o F.C. Porto e jogo no Paraná. Para já tento separar as coisas: procuro saber tudo sobre o Porto e ajudar o Paraná dentro de campo.»

«A minha vida vai mudar muito e é impossível não pensar nisso. É impossível não pensar no F.C. Porto. Só me vou apresentar em Julho, mas já tento saber tudo sobre a equipa. Em Julho quando chegar a Portugal espero dar-me bem e mostrar todo o meu valor. Confio que vou ter sucesso», finaliza.

Veja Kelvin nas camadas jovens do Paraná: