A águia caiu no caldeirão de Munique e sobreviveu. Limpou as penas, recompôs-se e fez um jogo extremamente equilibrado, acima das melhores expetativas. 1-0 para corrigir na Luz, tudo em aberto entre Bayern e Benfica.
Tudo em aberto porque, acima de tudo, a equipa de Rui Vitória não cedeu emocionalmente ao golo de Arturo Vidal, logo aos dois minutos.
A jogar no Allianz Arena, a ter do outro lado uma das melhores equipas do mundo e a sofrer logo um golo de entrada, o Benfica foi grande, teve dimensão e qualidade.
O empate, aliás, até se ajustaria melhor ao que assistimos.
FICHA DE JOGO DO BAYERN-BENFICA
O Benfica usufruiu de três grandes oportunidades de golo – Nico Gaitán contra o corpo de Vidal perto do intervalo, Jonas em dose dupla no segundo tempo, primeiro a obrigar Neuer a defender e a ver mais tarde Javi Martinez salvar quase em cima da linha – e pode queixar-se de uma grande penalidade por assinalar.
Phillipp Lahm entra de carrinho para evitar um cruzamento de Gaitán e a bola bate no braço esquerdo do lateral alemão. O árbitro nada assinalou, para sorte dos bávaros e desespero compreensível do argentino, em cima do lance. De difícil análise, é verdade.
Seja como for, dizíamos, o Benfica não tremeu com o golpe aplicado por Vidal. Teve controlo emocional, como se impunha, e a capacidade de controlar os danos.
O guarda-redes Ederson – o menino está em grande na baliza! – e os centrais Jardel e Lindelof tiveram uma noite fantástica, do princípio ao fim, praticamente imaculada.
Robert Lewandowski, um ponta de lança de calibre superior, penou no meio das torres da águia e poucas hipóteses teve para rematar à baliza de Ederson.
Veja como seguimos o jogo AO MINUTO
O jogo foi fácil? Naturalmente que não. O Bayern, apesar da noite desinspirada da maior parte das suas figuras, teve uma mão cheia de aproximações perigosas à baliza do Benfica. Curiosamente, quase todas mal definidas no último passe.
Veja-se bem o ocorrido em cima do minuto 90: Arturo Vidal faz um passe de rotura a isolar Lewandowski sobre a esquerda, o polaco entra na área e, com Lahm sozinho ao lado, erra a assistência e a bola acaba na linha de fundo.
Um exemplo lapidar da exibição cinzenta do Bayern.
Nota também para a capacidade de luta de Fejsa e Renato Sanches no meio, olhos nos olhos com Thiago, Vidal e Muller. O menino de 18 anos perdeu algumas bolas proibidas, é verdade, mas compensou a menor lucidez com um fôlego interminável.
O mais lógico, até normal, depois do golo de Vidal teria sido o desmoronar do Benfica. Não, nada, nem por sombras. Rui Vitória teve sempre as peças no lugar certo e foi premiado por não ter abdicado da sua estrutura-base, como tantas vezes os treinadores de equipas fazem neste tipo de jogos, invariavelmente sem sucesso.
A nota mais negativa acaba por ser o amarelo a Jonas. O brasileiro, notável no trato de bola, falhará a segunda mão. Este Benfica não será o mesmo sem o ponta de lança, mas a maturidade exibida num palco assustador como este só pode augurar coisas boas.
O que cresceu este Benfica versão 2015/16! As meias finais da Liga dos Campeões não são uma miragem.