Balde de água fria para o Sporting no Santiago Bernabéu depois de ter visto uma vitória história transformar-se numa derrota diante do campeão da Europa (1-2), em apenas cinco minutos, com dois golos consentidos nos últimos instantes do jogo. Uma derrota que não traduz a boa exibição da equipa de Jorge Jesus que, com uma prestação equilibrada, ganhou vantagem no início da segunda parte, com um bom golo de Bruno César, e deitou tudo a perder depois de um livre de Cristiano Ronaldo, o impiedoso, no último minuto do jogo, numa altura em que Jorge Jesus, expulso, já assistia ao jogo da bancada. Morata, em tempo de compensação, deu a estocada final.

Um resultado que não deixa transparecer tudo de bom que os leões tinham deixado em campo durante quase todo o jogo. Uma verdadeira equipa, solidária e, sobretudo, equilibrada, tanto a defender, como nas saídas para o ataque, nunca permitindo que o campão da Europa conseguisse impor velocidade ao jogo.

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Jorge Jesus repetiu praticamente a mesma receita que tinha dado resultado frente ao FC Porto, em Alvalade, apenas com o holandês Bas Dost a render Slimani que, à mesma hora, jogava ao lado de Vardy, no embate do Leicester frente ao Club Brugge. Em relação ao último jogo, com o Moreirense, o treinador voltou a trocar os laterais, subiu Bruno César para o meio-campo e recuperou Bryan Ruiz para o apoio direto a Bas Dost.

Zinedine Zidane não fez por menos e apresentou o seu onze de gala, reconstruindo o tridente de ataque BBC (Bale, Benzema e Cristiano) que já não atuava junto desde a final de Milão, e, na defesa, prescindiu de Pepe para colocar Varane ao lado de Sergio Ramos.

O jogo começou com um rimo lento, com o Real Madrid a assumir naturalmente a condução do jogo diante de um Sporting bem arrumado em campo, com William e Adrien a preencherem bem a zona central e Gelson e Bruno César a ajudarem os laterais a estancarem as alas. Um equilíbrio que não permitiu aos merengues imporem velocidade no jogo, tornando-se previsíveis todas as tentativas de abordagem à área de Rui Patrício, com Rúben Semedo e Coates, à entrada, a parecerem gigantes em certos momentos do jogo. Lance após lance, os leões desmontavam o jogo dos merengues e, em cima disso, construíam o seu.

Bruno César, com um remate e fora da área, logo aos dois minutos, deixou claro que o Sporting não vinha ao Bernabéu apenas defender. Gelson e Adrien seguiram-lhe o exemplo e também obrigaram Casilla a entrar no jogo. Uma primeira parte, apesar de tudo, jogada num ritmo muito lento, com poucos desequilíbrios. Uma primeira parte, que tal como viria a acontecer na segunda, chegava ao fim com um livre de Cristiano Ronaldo, este primeiro por cima da trave.

Na retina tinha ficado a boa imagem que o Sporting deixou no primeiro tempo, olhando o campeão da Europa olhos nos olhos. Uma boa exibição que foi compensada logo na abertura do segundo tempo, com os leões a chegarem ao golo, num grande lance de futebol que começou em Adrien. Gelson, sobre a direita, combinou com Bryan Ruiz que, por sua vez, serviu Bruno César que atirou cruzado, sem hipóteses para Casilla. Neste momento já se fazia história. Pela primeira vez, uma equipa portuguesa estava em vantagem no Bernabéu onde ecoavam os cânticos dos adeptos do Sporting.

Esperava-se uma reação imediata do Real Madrid, mas a verdade é que o Sporting continuou a controlar o jogo dentro das quatro linhas. Fora delas, Jorge Jesus recebia ordem de expulsão, na sequência de intensos protestos junto à linha, e acabaria o jogo na bancada, bem por cima do banco, mas onde o árbitro já não o ouvia. A verdade é que, dentro do campo, o Sporting continuava a revelar uma serenidade desconcertante e não se desequilibrava perante a pressão crescente do adversário. Zidane não esperou muito mais e prescindiu de Benzema [muito apagado] e Gareth Bale [tocado] para lançar Lucas Vázquez e Morata.

Quando parecia que a vitória já não escapava aos leões, a um minuto do fim, o Real Madrid chegou ao empate da forma, digamos, mais previsível. Ronaldo, que até esta noite tinha marcado em todos os jogos diante das antigas equipas, na marcação de mais um livre, desta vez atirou de forma perfeita. Rui Patrício ainda chegou à bola, mas esta foi ao ferro e acabou mesmo por entrar. Jesus enterrava a cabeça entre as pernas na bancada, mas ainda havia mais.

Embalados pelo golo do empate, os merengues chegaram mesmo à vitória, já em tempo de compensação. Cruzamento largo de James Rodríguez da esquerda, com Rúben Semedo e Coates a correr na peugada de Morata que acabou por bater Patrício com uma cabeça indefensável.

Em poucos minutos caía por terra uma noite histórica para os leões.