Jorge Jesus, treinador do Sporting, depois da vitória sobre o Besiktas (3-1), no Estádio de Alvalade, no jogo que qualificou os leões para os 16 avos de final da Liga Europa.
 
[Análise ao jogo]
- Foi um jogo difícil, já sabíamos que ia ser difícil porque íamos jogar contra uma boa equipa, com boa qualidade técnica, primeiro classificado do campeonato turco, com jogadores individualmente muito fortes. Trabalhámos nesse propósito, achámos que nos primeiros 45 minutos não nos podíamos desposicionar. Na segunda parte, quando o jogo estava mais fácil para nós, acabámos por sofrer um golo do Mario Gomez e a partir daí a equipa partiu para uma boa exibição. É uma equipa que acredita no trabalho que faz. Conseguimos passar a fase de grupos num grupo muito forte. O Lokomotiv também está a lutar pelos primeiros lugares do campeonato russo.
 
[Wenger elogiou a sua anterior equipa e a gestão que fazia na Europa. Foi essa gestão que permitiu a qualificação?]
- Eu li isso, disse que era um exemplo a seguir, mas também falou no Sevilha. Ele também andou a gerir na Champions e chegou ao fim e conseguiu ser apurado, se calhar foi por causa disso. O Sporting precisa recuperar a sua identidade em termos internacionais, a Liga Europa ajuda, mas agora vamos entrar numa fase em que vão cair as equipas da Champions e vai ser mais difícil, a Liga Europa está cada vez mais difícil.
 
[Até onde pode ir o Sporting?]
- Onde podemos chegar depende do sorteio que também tem influência. Ter um bocadinho de sorte no sorteio pode ajudar-te a ir mais longe, mas quando chegar aos quartos e às meias, a Liga Europa está ao nível da Champions. Temos de ter competência para chegar lá e competência para defrontar essas equipas. Para recuperar o prestígio fora de casa, primeiro tens de o recuperar dentro de casa. Primeiro tens de ganhar títulos em casa para depois partir para outras competências. É isso que o Sporting está a fazer, ganhou a Supertaça e agora passou esta fase de grupos. Domingo já temos um jogo difícil com o Moreirense que é uma equipa que se fecha bem e tenho a certeza que há jogadores que não vão conseguir recuperar para esse jogo.
 
[Pelo onze inicial percebeu-se que queria ganhar, ficou surpreendido com a primeira parte, com poucas oportunidades?]
- Não fiquei surpreendido, confirmei foi a qualidade da equipa com quem estávamos a jogar. Normalmente temos [nós, os portugueses] muito o hábito de olhar para a equipa do Besiktas, que tem um orçamento que é cinco ou seis vezes maior do que o do Sporting, como se fosse uma equipa da II Divisão da Europa. Fizemos um jogo tendo em conta a qualidade que o adversário tem. Na segunda parte, algumas das referências do Besiktas foram-se perdendo, começamos a ter mais espaço e o nosso jogo começou a entrar com mais facilidade. Foi por isso que acabámos por fazer três golos e, com todo o mérito, passámos esta eliminatória. Aliás, o Besiktas só perdeu este jogo, ainda não tinha perdido com ninguém.
 
[O Sporting segue para a próxima fase, fica preocupado com a gestão da equipa?]
- Não me preocupa ter passado esta faz de grupos, ficava mais preocupado se não a passasse. Era um objetivo que o Sporting tinha e tem. Nós, treinadores e jogadores, vivemos de vitórias e objetivos, uns mais importante do que outros. Ainda ontem ouviram alguns jogadores do FC Porto dizer que o principal objetivo é a Liga. Todos têm consciência disso, só alguns atrofiados mentais é que não têm. Queremos chegar a domingo e ter capacidade para vencer o Moreirense, sabendo que não vamos ter muito tempo para recuperar.
 
[Gostava de defrontar o Olympiakos de Marco Silva na próxima fase?]
- Acabei de dizer que o sorteio pode ajudar as equipas a chegar o mais longe possível. Se pudesse escolher qual é o adversário ia escolher o que teoricamente era o mais fraco, mas nesta altura não sei. Aquilo que o sorteio ditar, vamos estar preparados. Quem sai da Champions é cabeça de série, não é? Como ficámos em segundo, pode muito bem acontecer.
 
[Em ternos globais, até onde pode ir este Sporting?]
- Acreditamos que com o tempo a equipa vai crescer. Com os treinos, acreditamos que a equipa vai aprendendo as nossas ideias e vai ficar melhor. A equipa do Sporting vale pelo coletivo, trabalha muito em termos defensivos e ofensivos. Já temos feito algumas mudanças de resultado, agora até onde podemos chegar, não sabemos os limites. Acreditamos que o nosso trabalho pode fazer crescer a equipa. Os adeptos têm sido incansáveis. Ainda hoje, quando estávamos a perder 0-1, puxaram a equipa para cima. As claques são um jogador muito importante e ajudaram-nos a vencer. Estamos todos de parabéns.