O Arouca confirmou em Santa Maria da Feira a subida de forma que vem apresentando nas últimas semanas e venceu o Feirense (0-2), com um resultado construído na segunda parte.

Os arouquenses conseguem a primeira vitória fora de portas no campeonato, vencem num terreno onde nunca o tinham conseguido e deixam para trás o adversário desta partida, que chegara à 12ª jornada com os mesmos 11 pontos.

O Feirense, por seu turno, soma o quinto jogo sem vencer no campeonato e a terceira derrota consecutiva na Liga, ficando apenas dois pontos acima da linha de água.

Depois da vitória diante do P. Ferreira, Lito Vidigal repetiu, pela primeira vez esta época, o onze titular – não contando, obviamente, com o jogo com o Sporting, a meio da semana, para a Taça da Liga -, passando uma mensagem de satisfação com o que a equipa fez nessa partida.

Do lado do Feirense, após a pesada derrota diante do Sp. Braga, José Mota mexeu em duas unidades da defesa – estreou o central Flávio, que ocupou o lugar de Paulo Monteiro no centro da defesa, e colocou Barge na direita, fazendo subir Jean Sony para extremo -, além de ter abdicado de duplo-pivot, tirando Semedo da equipa titular e ficando Luís Aurélio a jogar mais próximo de Ricardo Dias.

Intensidade alta... mas pouco futebol

Além da proximidade geográfica entre Arouca e Santa Maria da Feira, o que por si já podia ser sinónimo de alguma rivalidade entre as equipas que representam o distrito de Aveiro na I Liga, o facto de chegarem a este confronto em igualdade pontual, contribuiu para que se assistisse a um duelo com níveis de intensidade acima da média.

Isso, porém, não se traduziu na qualidade de jogo, mas antes em despiques individuais entre jogadores que levaram a que, nos primeiros 25 minutos, o árbitro da partida tenha sido obrigado a mostrar três cartões amarelos.

No futebol propriamente dito, foi o Feirense a criar mais perigo, colocando Bracali à prova um par de vezes, com remates de longe, que o guardião brasileiro foi sustendo com maior ou menor dificuldade.

Com o passar do tempo, o Arouca foi mostrando o seu habitual à-vontade para entregar a iniciativa de jogo ao adversário, explorando, depois, qualquer oportunidade para criar perigo. E isso aconteceu aos 41 minutos quando, na sequência de um canto, Nuno Coelho introduz a bola na baliza, com a jogada a ser anulada por suposto fora-de- jogo que, nas imagens televisivas, parece não ter existido.

Se o clima já estava tenso, esse lance fez com que a saída para o descanso fosse feita com uma forte contestação dos homens do Arouca, deixando antever uma segunda parte com os mesmos condimentos do jogo a que se assistira até então.

Arouca aplica a receita do costume: eficácia

Se os primeiros minutos mostraram que a previsão não estava completamente errada, a etapa complementar trouxe também o sal do futebol: o golo. Saboreado por dois sul- americanos, servidos por outros tantos jogadores de raízes africanas.

Primeiro foi Nelsinho, que subiu pelo seu corredor para dar o melhor seguimento a uma jogada em que Mateus mostrou uma enorme inteligência a esperar pelo melhor momento para colocar a bola mesmo a jeito para o lateral-esquerdo esquerdo confirmar o golo inaugural.

Mas o melhor ainda estava guardado no génio de Walter Gonzalez. Um daqueles lances que fazem valer a pena pagar bilhete para ver futebol. E que levam um adepto a lamentar-se por ter preferido o aconchego do lar, ao cheiro da relva de um estádio de futebol.

Aos 66 minutos, Jorginho trabalhou junto à linha final, colocou no coração da área onde o avançado paraguaio surgiu para marcar num toque de calcanhar sublime.

O jogo podia acabar nesse momento, que já tinha valido a pena e feito esquecer os momentos em que o futebol esteve arredado do relvado do Marcolino de Castro.

Na verdade, ficou pouco por contar da partida em que o Arouca foi a casa alheia conquistar três pontos importantes e o Feirense despediu-se dos seus adeptos sob forte contestação.