A figura: Walter González
Começou a partida a ferver em pouca água e a envolver-se em picardias escusadas que o fizeram ver o cartão amarelo muito cedo e levaram Lito Vidigal a colocar Marlon a aquecer, não fosse o paraguaio não acalmar. Com o decorrer da partida, porém, voltou a preocupar-se com o que realmente importava, deu muito trabalho aos defesas contrários e coroou a exibição com um lance de levantar qualquer estádio, e que se tornaria no momento do jogo. Com um delicioso toque de calcanhar dilatou a vantagem do Arouca e apagou o que de menos positivo tinha feito antes.

O momento: a beleza dos gestos simples, no calcanhar de Walter
O minuto 66 chegou com o Arouca a vencer pela vantagem mínima e o Feirense a tentar reagir à desvantagem. E seria ali que se definiria não só o momento do jogo, mas também um daqueles lances que vai ficar na história do campeonato pela beleza de um gesto simples de ver, mas de execução só para os melhores. Walter vestiu a pele de mago e, de calcanhar, fez esmorecer a reação do adversário, primeiro perante a qualidade da execução e depois pelo avolumar do resultado.

Outros destaques:

Mateus e Jorginho
Experiência e irreverência estão, muitas vezes, em extremos opostos. No futebol do Arouca na vitória diante do Feirense isso aconteceu, com o angolano e o luso-guineense a jogarem nas alas e a saírem do campo com uma assistência cada um. Mateus serviu Nelsinho no lance do primeiro golo e Jorginhou fez o passe para o calcanhar de Walter resolver a partida.

Nelsinho
Titular pela segunda vez consecutiva, depois de um início de época em que até se falou na sua possível dispensa, o lateral-esquerdo brasileiro marcou o golo que desbloqueou o nulo, logo nos primeiros minutos da segunda parte. Lançado por Mateus, o camisola 55 do Arouca rematou rasteiro ao primeiro poste, não dando hipótese de defesa a Vaná.

Jubal
Os companheiros no centro da defesa vão rodando, mas o brasileiro formado no Santos mantém-se como o patrão do setor mais recuado. Providencial em várias situações nesta partida, o destaque deve-se também à regularidade demonstrada até ao momento na época intermitente dos arouquenses.

Flávio Ramos
O jovem central brasileiro, contratado este ano ao Paysandu, fez a sua estreia a titular na Liga. E logo aos três minutos mostrou-se, numa subida à área contrária, com um cabeceamento muito perigoso que obrigou Bracali a uma excelente intervenção. Na segunda parte fica marcado por não ter conseguido reagir ao lance que decidiu a partida, dando demasiado espaço a Walter.

Rafael Bracali
Aos 35 anos, o guardião da baliza do Arouca é dos mais seguros do campeonato no seu posto específico. É muito raro vê-lo comprometer, e a concentração que demonstra em todos os momentos dá confiança total aos companheiros. Nesta partida voltou a ser preponderante, com defesas importantes quando o Feirense apertou.