Fase difícil? Chama a desvanecer-se? Crise? O tetra a fugir por entre as mãos? Foram muitas as dúvidas (leia-se, legítimas) que os últimos resultados geraram nas mentes dos adeptos do Benfica. Aquilo que há semanas parecia caminhar para tornar-se numa mera questão protocolar, complicou-se.

Pela primeira vez em alguns meses, a águia entrou em campo numa condição à qual não estava habituada há muito tempo: a de vice-líder.

No reino do Dragão, depois da vitória sobre o Sporting, aguardava-se tranquilamente pelo que o rival, pressionado pela condição atípica, faria na receção a um Nacional que se apresentou na Luz com quatro reforços de inverno na equipa inicial: Filipe Gonçalves, Zequinha, Mezga e Aristeguieta.

FILME E FICHA DE JOGO

A bola estava do lado dos encarnados e a equipa de Rui Vitória respondeu com autoridade à mensagem do Dragão: triunfo por 3-0 num jogo em que a Luz voltou a ver o Jonas dos velhos tempos. O Jonas sorrateiro, aparentemente inofensivo, até, mas que espalha o terror nas defesas contrárias. O brasileiro disse presente numa das alturas em que os encarnados mais precisavam da contribuição do seu jogador mais influente das últimas duas temporadas. Picou o ponto duas vezes e estabilizou os batimentos cardíacos da Luz.

O tempo dirá se o Benfica afastou de vez os fantasmas que há várias semanas paira(va)m sobre o campeão nacional. Não ousamos dizer que tudo voltou à normalidade, até porque os encarnados tiveram pela frente um adversário quase inofensivo e que não terá posto Ederson à prova mais do que duas vezes em toda a partida, uma delas de bola parada: pouco, muito pouco para quem anda desesperadamente à procura de pontos.

O Nacional foi o adversário ideal para os encarnados lamberem tranquilamente as feridas de resultados desastrosas que deram um novo alento ao campeonato. A equipa de Rui Vitória nem precisou de grandes acelerações, da explosividade de outros tempos. Mas precisou de Jonas. E de Pizzi que, depois de ter estado em dúvida até à hora do jogo, mostrou por que razão o técnico dos encarnados não abdica dele mesmo quando a condição física aconselhe a uma gestão com pinças.

Voltemos ao jogo. Zivkovic (que pé esquerdo!) serviu na perfeição Jonas para o 1-0 aos 26 minutos. Os encarnados, que até tinham beneficiado de um par de boas boas oportunidades antes de abrirem o ativo, relaxaram a partir daí. Não que tivessem permitido qualquer dose de atrevimento a Nacional, que raramente passou a linha do meio-campo em ataque organizado, mas porque pareciam demasiado agarrados a um sempre perigoso 1-0. Quando a Luz assobiava, um raide de Nélson Semedo junto à área adversária acabou com a bola nos pés de Jonas, que rematou cruzado de pé esquerdo.

O 2-0 ao intervalo deixava o jogo resolvido. Era o suficiente para o Benfica se impor a uma equipa sofrível e que no segundo tempo só conseguiu chegar à baliza de Ederson de bola parada.

Os encarnados mastigavam o jogo, performance suficiente para agradar aos quase 50 mil espectadores presentes nas bancadas da Luz, que ainda tiveram nova prenda. Mitroglou, aos 81 minutos, fez o 3-0 após bom trabalho de Rafa (e Jonas) na esquerda.

Á águia está de regresso ao topo do campeonato. Exibição sem grande fulgor, mas segura e autoritária, a responder à altura das circunstâncias.

Pressão? Já dizia um famoso basquetebolista: isso é para os pneus.