A FIGURA: Jonas. O «pistolas» recuperou as balas

Talvez ainda não se tivesse visto o melhor de Jonas desde que o brasileiro regressou, em dezembro passado, de um longo calvário. Numa tarde/noite em que os encarnados precisavam de dar uma resposta à altura para voltarem à liderança, o jogador mais influente dos encarnados nos últimos dois anos reapareceu. O «pistolas» abriu caminho na primeira parte para uma vitória tranquila, com um golo de cabeça e um remate de pé esquerdo. Mais do que isso, voltou a ver-se o velho Jonas que recua às fases de construção e baralha as marcações das equipas adversárias.

O MOMENTO: minuto 26. Jonas a estabilizar os batimentos da águia

O Benfica tinha o ascendente do jogo, já tinha criado um par de oportunidades, mas manifestava problemas de construção na zona central e dificuldades para provocar desequilíbrios. Aliás: o Nacional, equipa praticamente inofensiva no ataque, até já tinha ameaçado num ataque perigoso em que Salvador Agra teve no pé direito o golo dos insulares. Nas bancadas, o público começava a exasperar, até que Jonas, num cabeceamento certeiro após cruzamento milimétrico de Zivkovic, abriu a contagem e permitiu à equipa de Rui Vitória abordar o resto do jogo com mais tranquilidade.

NEGATIVO: incapacidade do Nacional

É certo que o guião do jogo dependia mais daquilo que os encarnados conseguissem ou não fazer. No entanto, a formação insular fez muito pouco para sair do Estádio da Luz com pontos. Tentou adiar ao máximo o golo do Benfica (que nem chegou tarde) e pouco fez para mudar o rumo dos acontecimentos. Pedia-se mais ousadia a uma equipa que ocupa o último lugar do campeonato.

OUTROS DESTAQUES

Zivkovic: com o regresso de Salvio após lesão, talvez a opção mais lógica fosse a saída do extremo sérvio do onze, mas Rui Vitória optou pela continuidade de Zivkovic, relegando Cervi para a bancada. O técnico dos encarnados, a ver o jogo num camarote devido a castigo, deve ter gostado do que viu. Pé esquerdo afinadíssimo, cruzamento para o 1-0 e nova cortesia para Mitroglou no final da primeira parte. Curiosamente, desequilibrou mais quando apareceu no flanco direito, na sequência de lances de bola parada.

Pizzi: é notório que não atravessa um momento fulgurante, mas também se percebe por que razão Rui Vitória não abdica dele. Fundamental na forma como arruma as ideias da equipa. Ação importante no lance do 1-0, ganhando uma bola junto à lateral antes de tocar para Zivkovic, que cruzou para Jonas. Por falar em Jonas, Pizzi entende-se com o brasileiro como ninguém e, ainda antes do 1-0, ofereceu-lhe duas vezes a possibilidade de abrir a contagem. Esteve perto do golo aos 41 minutos. Está cansado? Precisa de descanso? Sim. Mas não há melhor do que Pizzi para a posição 8 neste Benfica.

Salvio: no regresso à equipa após lesão, teve algumas boas arrancadas pela direita. Na segunda parte trocou com Zivkovic e acabou por sair aos 71 minutos, pouco depois de uma entrada duríssima de Rui Correia quando o argentino saía a toda a velocidade para o ataque.

Nélson Semedo: controlou bem as (poucas) ações de Salvador Agra pela esquerda e, com pouco trabalho no plano defensivo, envolveu-se bem na construção ofensiva, com diagonais perigosas: teve um papel importante no 2-0.

Adriano Facchini: sem culpas nos golos sofridos, ainda ia evitando o primeiro de Jonas. Seguro entre os postes e a sair deles, compensou algumas desatenções dos companheiros e erros primários dos companheiros da primeira zona de construção. Evitou o 3-0 a Pizzi (ainda na primeira parte) e travou uma cabeçada de Mitroglou nos segundos 45 minutos.

Tiago Rodrigues: de forma algo surpreendente, foi preterido por Predrag Jokanovic no onze inicial dos insulares. Lançado aos 51 minutos, não deu muito ao Nacional em ataque organizado, mas foi importante nas bolas paradas, com cruzamento perigosos para a área dos encarnados.