Dragão de passo firme e com cabeça para a vitória. Dragão à equipa grande, na nona vitória consecutiva, num jogo que a equipa tornou simples e que acabou em nova goleada. Resultado pesado, mas que é o espelho fiel do que se viu em campo e que assenta perfeitamente na ambição que o FC Porto trazia para Arouca: continuar na onda de galvanização em que se está a transformar esta primeira metade da segunda volta, 100 por cento vitoriosa.

Nos últimos nove jogos não são apenas nove vitórias. São 29 golos marcados e apenas quatro sofridos, o que faz da equipa de Nuno Espirito Santo melhor ataque e melhor defesa da prova.

Arouca-FC Porto, 0-4 (destaques)

Depois da goleada ao Nacional poderia haver a tentação de um início relaxado, com soberba. Um ar convencido que trouxesse dissabores. Nada disso. O FC Porto entrou vestido de operário, marcou, é certo. no primeiro remate que fez, o que ajuda, e, sobretudo, aproveitou a onda de um Brahimi em noite de grande inspiração.

O argelino, o melhor em campo, inventou dois golos e merecia, ele próprio, marcar um, tamanho o caudal de jogo que produziu. Saiu debaixo de vénias, com um abraço a Nuno e um sorriso. Está no melhor momento da época.

Ele o FC Porto, claro, se ainda não tinham entendido até este ponto. A vitória confortável em Arouca é mais um sinal de um dragão que queima como há muito não se via. Um dragão em pleno na luta pelo título. Com golos e bom futebol. 

Quanto ao jogo, Nuno fez apenas uma mudança no onze, trazendo Maxi Pereira de volta depois de cumprir castigo e sentando Layún no banco de suplentes. Manuel Machado teve de mudar na baliza, pois Bolat pertence aos quadros do FC Porto, apostando em Bracali, e quis mudar no centro da defesa, trocando Velázquez por Hugo Basto.

O início foi atado, com mais luta do que futebol, mas o primeiro golo portista arrumou com o assunto. Em cima do fecho do primeiro quarto de hora, Brahimi cobrou o livre, Danilo desviou de cabeça e fez 0-1 no placard.

Como se disse, era o primeiro remate do jogo, provando que o Dragão está mais capaz também no capítulo eficácia, embora, pouco depois, Soares tenha desperdiçado uma ocasião flagrante, atirando ao poste, na cara de Bracali.

Aliás, o brasileiro ficou-se esta noite pelo meio termo nesta questão. Marcou dois (já são nove em seis jogos!), desperdiçou outros tantos. O primeiro dos que entraram foi, então, o segundo do jogo, novamente de cabeça, agora a centro de Óliver. Corrigindo, a intenção era jogar de cabeça, mas foi com o ombro que o desvio certeiro aconteceu.

Estávamos no minuto 25 e o jogo parecia arrumado. E estava. Mas havia uma eternidade para jogar e um golo do Arouca poderia devolver a emoção. Manuel Machado tentou isso mesmo a partir do banco e já para lá do descanso. Mudou o figurino, apostando em Walter González no lugar do apagado Crivellaro. Ficava com dois homens na frente e tentava incomodar.

É verdade que o início do segundo tempo não foi, de longe, a melhor fase portista do jogo, mas salvo um cabeceamento ao lado de Tomané, não houve mais nenhuma amostra de que haveria força para assustar o Dragão. Aliás, o Arouca termina o jogo sem um remate, digno desse nome, à baliza de Casillas

Percebendo isso, o FC Porto reagrupou-se, voltou a carregar e matou de vez o jogo. Diogo Jota, um minuto depois de entrar, finalizou nova jogada de mestre de Brahimi. Soares, bisou, empurrando um centro de Maxi.

Estava feita a goleada, o que nem é novidade. O FC Porto nunca marcou menos de três golos nas visitas a Arouca: duas vitórias por 3-1, uma por 5-0 e a desta noite. Ganhou sempre, então, claro. Como nesta segunda volta cada vez mais pintada de azul. No campo e nas bancadas onde o apoio foi esmagador.

O FC Porto de Nuno Espírito Santo está mesmo transfigurado e já não devem ser precisas mais provas que vai, no mínimo, lutar pelo título até ao fim. O passo é firme e as dúvidas parecem coisa do passado, até porque ao contrário de outros tempos, esta equipa joga como um verdadeiro grande.