Por: Paulo Graça

O Rio Ave arrancou uma merecida e brilhante vitória no Funchal, frente ao Marítimo, que continua sem somar pontos em casa, bem como sem marcar qualquer golo. Ao longo dos 90 minutos, a equipa de Nuno Capucho foi a melhor, criou as melhores oportunidades e controlou o jogo, frente a um adversário com algumas lacunas, principalmente na fase de construção. E quando não se sabe construir, evidentemente não aparecem lances para finalizar. Num jogo mau...salva-se o golo de Guedes e as quatro defesas de Gottardi.

O treinador do Marítimo, Paulo César Gusmão, deu a titularidade a Dyego Sousa, avançado brasileiro que estava suspenso pela Federação Portuguesa de Futebol (FPF), ficando o ataque com mais poder de choque e de finalização. Na defesa, Maurício e Raul foram os centrais, com China (esquerda) e Samuel (direita). No meio campo, três homens de grande mobilidade (Fransétrgio, Éber Bessa e Alex Soares) e um pivot de grande poder de choque.

Nuno capucho apostou em dois homens rápidos no ataque (Guedes e Heldon), apoiados por uma linha média de qualidade no passe (Wakaso) e recuperação de bola (Tarantini). Este e Rubén estiveram em destaque a servir o ataque. E a verdade é que o Rio Ave foi melhor na primeira parte, pelo menos.

Foi uma primeira parte «pobrezinha», com o futebol a ser jogado devagar, com passes para os lados, com uma fase de construção a ser jogada mais no pontapé para a frente. Pouca objetividade de ambos os conjuntos. O jogo estava, por isso, muito longe de ter a qualidade que se exige para duas equipas da I Liga. Tirando o cabeceamento de Marcelo, aos 15 minutos, que Gottardi defendeu, o remate de Gil Dias, aos 30´, com nova defesa do guarda-redes do Marítimo, e um remate de Heldon à rede lateral da baliza da equipa da casa, após um canto, os primeiros quarenta e cinco minutos foram de fraca qualidade. Mesmo assim, a equipa de Nuno Capucho foi melhor, rematou mais, jogou com mais objetividade ofensiva e, claro, marcou um golo! Até parece impossível, mas marcou mesmo!

Tirando estes três lances, ainda antes do golo da equipa contrária, o jogo foi sempre jogado no meio campo, com pouca intensidade e objetividade dos setores avançados e médios das equipas, principalmente do Marítimo que, a jogar em casa, devia e podia fazer melhor. O Marítimo foi, por sua vez e também por isso, uma autêntica nulidade ofensiva, com jogadas sem «pés ou cabeça», o mesmo de que dizer, sem qualidade ofensiva, sem fase de construção obrigatória. Tirando os remates de Éber Bessa e Fransérgio, ambos em livres, para a bancada, Cássio teve 45 minutos de descanso.

E quando na fazia prever, Wakaso fez um passe pelo meio dos centrais do Marítimo, com Guedes a trabalhar o esférico já dentro de área, a sentar Raúl no relvado com um subtil toque e, à saída de Gottardi, a passar a bola por cima do guarda-redes verde-rubro e a inaugurar o marcador. Um bonito golo!

Como falhar um golo

A segunda parte começou com uma alteração no Marítimo, com Xavier a entrar e «colar-se» na linha avançada, à esquerda, abrindo o treinador dos verde-rubros mais espaços. Agora jogava com três homens no ataque, numa linha de três. A verdade é que o Marítimo melhorou e, relativamente à primeira parte, muito! Mesmo assim, Marcelo e Rodrick iam dando para para as investidas dos verde-rubros. Aos 66 minutos, Fransérgio teve a melhor oportunidade de golo da equipa da casa, quando, sozinho e já dentro de área, recebeu a bola de um ressalto e já depois de passar por Cássio, de baliza aberta, deu um e mais um toque na bola e...conseguiu falhar.

Nunio Capucho trocava Ruben por Pedro Moreira e Gil Dias por Yazalde e, de certa forma, equilibrou o meio campo. O Marítimo tinha mais bola, jogava no meio campo adversário...mas pouco mais do que isso. O Rio Ave controlava claramente o jogo.

Com a equipa de PC Gusmão claramente a tentar o tudo por tudo para chegar o empate, embora sem grande lances de perigo, o Rio Ave começou a jogar no contra-ataque e, na verdade, Guedes podia ter feito o segundo, bem perto do minuto oitenta, após boa jogada de Yazalde. Maurício, defesa dos da casa, ofereceu o corpo a bola e evitou o segundo da equipa nortenha. E foi já no fim da partida que voltou a aparecer Gottardi para, com outra grande defesa, evitar o segundo do Rio Ave, a remate vistoso de Kroninovic. No final, o Marítimo ainda tentou o empate, mas muitas vezes em desespero de causa, sem ter descendimento necessário para atacar bem.