A FIGURA: Cristián Ceballos
As pedras preciosas não são um exclusivo da Place Vendôme, em Paris. Encontram-se nos sítios mais incomuns e improváveis. Quem for a Arouca ver um jogo de futebol, por exemplo, dá de caras com uma. Ceballos, o menino de Santander criado no Barcelona e cedido pelo Tottenham, é um jogador de um quilate à parte. Baixinho, esquerdino, desafiador, está um bom patamar acima dos restantes. A arrancada aos 45 minutos teve poder, improviso e fantasia; o pontapé em arco, aos 48, saiu a beijar o poste direito. Só lhe faltou um golo. Atenção ao menino.

NEGATIVO: debilidade atacante do Olhanense
Giuseppe Galderisi deu ordem e rigor à equipa, mas na frente os problemas são óbvios. Cássio não teve de fazer uma defesa digna desse rótulo. Como atenuante, o ponta-de-lança Mehmeti saiu lesionado logo aos cinco minutos.

MOMENTO DO JOGO: minuto 33, um penálti estranho
Roberto rematou, Vid Belec voou para a direita e defendeu a grande penalidade. Defendeu? Afinal não. A bola ganhou um efeito estranhíssimo e entrou mesmo na baliza. Para perceber melhor o que sucedeu, só mesmo na televisão.

OUTROS DESTAQUES:

André Claro
Endiabrado pela esquerda. Veloz, combativo e acertadíssimo até ao derradeiro detalhe. Na hora de cruzar optou quase sempre mal. Faltou-lhe isso para atingir o nível de Ceballos. Mas está num momento pleno de confiança.

Jander
Quando o lateral esquerdo é o elemento mais participativo no processo ofensivo da equipa, algo não bate certo. No Olhanense foi assim. Enquanto teve pulmão e fulgor, Jander carregou muito jogo às costas e mostrou estar em excelente condição física.

Pintassilgo
Dinâmico, ligado à corrente, só esteve infeliz na hora de rematar. Usufruiu de duas belas tentativas, ambas à entrada da área, e mandou sempre por cima da baliza do Olhanense. Um bom regresso à titularidade.

Vid Belec
Duas ou três intervenções espetaculares, a manterem o Olhanense na discussão da partida até ao fim. Seguro com as mãos, tremelicante com os pés, o guarda-redes esloveno (cedido pelo Inter Milão) é uma das boas surpresas que os algarvios deram à I Liga este ano. Conseguiu defender o remate de Roberto no penálti, mas a bola ganhou um efeito caprichoso e acabou dentro da baliza.

Paulo Sérgio
Saiu do Arouca depois de um processo disciplinar e os adeptos não esqueceram isso. Assobiado do princípio ao fim, o avançado tentou manter a cabeça fria e desligar-se do que vinha da bancada. Apesar de ter tentado quase tudo, o jogo não lhe saiu especialmente bem. Foi, ainda assim, talvez o algarvio mais perigoso (excetuando Jander).

Obodo
Saiu aos 56 minutos e o melhor elogio que lhe podemos fazer é este: estava a ser o médio mais esclarecido do Olhanense. Merecia mais minutos.