Pelo registo histórico ou pelo momento e valor das duas equipas poucos arriscariam que o Belenenses viesse esta tarde ao Estádio dos Arcos vencer e dar um importante passo na fuga aos lugares mais intranquilos da tabela.

Pelo contrário, do lado dos vila-condenses fica a dúvida: corre este Rio Ave na direção da Europa?

Os comandados de Pedro Martins vinham de uma boa sequência de resultados, que começou com um surpreendente empate no Dragão e prosseguiu com dois triunfos caseiros: para a Liga, diante do União da Madeira, e a meio da semana, frente ao Estoril, num triunfo claro por 3-0 que valeu o apuramento para as meias-finais da Taça de Portugal.

DESTAQUES: Uma dupla que valeu três pontos

Do outro lado, o Belenenses tinha uma terrível série de uma vitória nas últimas onze partidas oficiais… Com 37 golos sofridos, a defesa dos azuis é a mais batida da Liga e a «chicotada» com a troca de Sá Pinto por Julio Velázquez no comando técnico da equipa demorava a surtir efeito.

Hoje, em Vila do Conde, o treinador espanhol resolveu surpreender e apresentou um onze com três centrais e dois laterais com mais liberdade para subir.

Acertou em cheio no caso do lateral-esquerdo Filipe Ferreira, que aos 11’ apareceu sozinho na área, nas costas da defesa vila-condense, para inaugurar o marcador… E aos 41’, novamente em terrenos mais adiantados, fez o cruzamento para Sturgeon, ao segundo poste, de cabeça colocar de novo o Belenenses em vantagem, que podia ter sido ampliada logo em seguida, de novo por Sturgeon, a colocar a bola rente ao poste, após saída em falso do guarda-redes Rui Vieira (que hoje substituiu na baliza rioavista o até então totalista Cássio, a cumprir castigo).

Entre um golo e outro dos azuis, houve meia-hora de futebol ofensivo do Rio Ave.

Os vila-condenses dominaram quase toda a primeira parte, criaram lances de perigo em remates de Tarantini e Ukra, mas também em combinações pelo flanco esquerdo, entre Edimar e Kayembe, mas só marcaram por uma vez: aos 24’, Ukra, que já tinha enviado uma bola à barra, apareceu na cara de Ventura, isolado por um cruzamento bem medido por Edimar, para desviar para o golo.

Estava feito o empate, que viria a ser desfeito antes do intervalo por Sturgeon.

FILME DO JOGO

Em desvantagem, o Rio Ave continuou mais ofensivo no segundo tempo. Porém, o discernimento foi-se esgotando à medida que aumentava a impaciência dos adeptos vila-condenses.

A estratégia de Velázquez era colocar o Belenenses a defender como podia a magra vantagem. Uma imagem que define bem isso mesmo é a do médio Carlos Martins como jogador mais adiantado dos azuis a um quarto de hora do final...

Com o adversário encolhido, o Rio Ave tornou-se mais perigoso… Uma e outra vez esteve perto do golo: num remate forte na área de João Paulo, acabado de entrar, ou nos cabeceamentos dos centrais Marcelo e Roderick, em lances de bola parada. Não entrou… Hoje não era dia de entrar.

O caudal ofensivo do Rio Ave desaguou num imenso mar azul, desperdiçou-se ou esbarrou nas mãos de Ventura. O Rio Ave falhou o assalto aos lugares europeus.

Já o Belenenses beneficiou da eficácia ofensiva e do sacrifício defensivo dos seus jogadores para vencer pela primeira vez fora de casa para a Liga.