O Boavista conseguiu um dos dois objetivos para este jogo: empatar. Era um jogo rodeado de enormes expetativas, pois em campo defrontavam-se duas equipas cuja sina no presente campeonato tem sido a da aflição: o Boavista a tentar segurar-se nos lugares acima da linha vermelha da descida e o Desp. Chaves a lutar desesperadamente para sair dessa incómoda posição, caraterística sua desde o início.

Os comandados de Tiago Fernandes têm vindo a indiciar sinais de recuperação, porém, neste jogo o coletivo flaviense esteve uns furos abaixo do que tem sido habitual. Os reforços de inverno trouxeram mais qualidade ao plantel, por isso este seria um bom teste, perante uma equipa do mesmo campeonato, para se confirmar se é possível a tal recuperação tão ansiada pelos transmontanos.

Na antevisão a este jogo, ambos os técnicos apresentaram um discurso otimista. O treinador do Chaves, entre metáforas, adjetivos e outras figuras de estilo, foi arguindo que o segredo para o sucesso neste jogo seria a conjugação da trilogia, equilíbrio, organização, paciência. Já o técnico axadrezado, numa toada algo semelhante, partiu rumo a Trás-os-Montes com um pensamento de vitória, ou pelo menos o empate (conseguiu conquistar um ponto), advertindo os seus comandados para serem mentalmente fortes, pacientes, seguros e práticos. Como se constata, há um denominador comum no discurso de ambos: um jogo de paciência, isto na antevisão do mesmo, registe-se.

Filme e ficha de jogo

Mas prognósticos à parte, na hora da verdade, em pleno terreno de jogo é que as teimas foram tiradas. Assim, as duas equipas entraram no jogo muito receosas uma da outra. Mediante esta postura muito cautelosa, as defesas iam ganhando algum protagonismo, mas nada de encher o olho.

Aos poucos, para surpresa, o Boavista foi sendo mais atrevido, acercando-se mais vezes da área contrária e, por duas vezes teve a oportunidade de inaugurar o marcador. Aos 10 minutos, na sequência de um canto, Paulinho foi o salvador da aflição, com o guarda redes António Filipe já batido. Idris ia sendo o autor da proeza. Depois, aos 20 minutos, mais um momento de apuro bem perto das redes do Chaves. Raphael Silva consegue esgueirar-se entre os defesas flavienses e à queima roupa, António Filipe foi corajoso e evitou o pior para a sua equipa.

A esta altura do desafio, o Chaves nem um lance de perigo causou na baliza contrária, para desencanto dos vários milhares de adeptos que acorreram a presenciar o encontro. O Boavista estava mesmo por cimo no jogo.

Só que, o futebol é mesmo fértil em imponderáveis e, a partir de certa altura são os locais a dominarem as operações. Aos 27 minutos, assistimos ao primeiro remate com perigo, sendo seu autor Luther Singh, mas cujo esférico saiu ao lado da baliza, para desencanto dos flavienses. Começava a ser esta a toada do encontro, com o Boavista mais defensivo e o Chaves a empurrar o adversário para o seu extremo reduto. Numa dessas incursões, pelo lado direito, Paulinho foi derrubado por Neris, provocando grande penalidade prontamente assinalada pelo juiz do encontro. Da conversão, Gallo, atirou certeiro, inaugurando assim o marcador.

O período complementar proporcionou um jogo com maior qualidade. Na verdade, ambos os conjuntos entraram determinados em conseguir os seus objetivos. Os flavienses, na frente, tentavam ampliar a vantagem para se verem livres de qualquer percalço. Ao invés, os axadrezados, procuravam a todo o custo igualar a partida, ensejo alcançado aos 61 minutos, com Fábio Espinho (que tinha entrado em campo no segundo tempo) a emendar de forma certeira um passe do seu companheiro Rafa Lopes.

A partir daí, o Boavista sentiu que poderia fazer mais, daí que passasse a usar a arma do contra-ataque para tentar ampliar a vantagem e sair vitorioso deste jogo. Por seu lado, o Chaves, com o resultado verificado, sabia a pouco nas aspirações, tanto mais que jogava em casa e perante um adversário direto, o que pode ser decisivo nas contas finais. Mediante este desespero, o técnico flaviense operou as alterações na equipa, refrescando o meio campo, para dar mais força ao ataque, mas foram infrutíferas estas opões do técnico, pois apesar de, nos minutos finais o Chaves ter carregado sempre na área boavisteira, estes, bem escalonados e posicionados, não permitiram que as suas redes voltassem a ser violadas.

No final do encontro, a emoção regressou em força às bancadas, com uma penalidade assinalada por carga de Talocha sobre Niltinho, mas, consultado o VAR, a decisão foi revogada, terminando as coisas como estavam até ali, ou seja, empatadas, sendo este o resultado final, penalizando o Chaves que continua em zona muito aflita, enquanto que o Boavista recebeu com este resultado um balãozinho de oxigénio, importante para as aspirações de permanecer entre os grandes.