A figura: Goicochea

Quase intransponível. O guarda-redes do Arouca não é o mais brilhante nas saídas por alto, mas não comprometeu e, entre os postes, chegou mesmo a brilhar. Se na primeira metade já tinha sido gigante a tapar a baliza a Tarantini, quando este estava a um metro de si, no segundo tempo somou intervenções decisivas, já com o jogo em 2-1. Fantástica a defesa com a mão esquerda ao remate de Ukra e, menos vistosa mas eficaz, a que fez com o pé, perante Diego Lopes. Uma boa descoberta e um bom valor para a Liga.


A desilusão: Marcelo
O erro que dita o golo de Nildo surpreende por ter sido seu. Ninguém tem já grandes dúvidas do que vale este central brasileiro que criou raízes em Vila do Conde mas tem potencial para outros voos. Por isso, só o excesso de confiança justifica que tenha tentado driblar o arouquense à entrada da área, com a baliza desprotegida. Deu-se mal. Por muito que fizesse, e nem foi assim tanto, dificilmente apagaria a mancha do minuto 13.


O momento: resolvido à bomba

Minuto 50.O Rio Ave acabara de empatar e pressentia-se que ia carregar o Arouca para chegar à reviravolta. E foi ainda nessa euforia que uma falha de marcação à entrada da área deu a David Simão o espaço e tempo que precisava. O resto foi com ele: pontapé indefensável e golo que seria do triunfo.

Outros destaques

Artur
Magia nos pés. Decisões certas em doses certas, percebendo sempre quando a equipa precisa de rapidez ou contensão. Ele manda. Constrói. Pensa o jogo do Arouca, como outrora no Marítimo ou Beira-Mar, clubes em que se destacou. Num meio campo muito experiente e com bons jogadores Artur foi a face mais visível enquanto estiveram onze de cada lado. Com a expulsão de David Simão foi o sacrificado para que a equipa se equilibrasse.

Nildo
Decisivo para o Arouca ganhar confiança no jogo. O passe de Nelsinho saiu largo, Marcelo tinha o lance controlado e a pressão poderia até parecer desnecessária. Um capricho. Pode ser que dê. E deu. Marcelo errou, Nildo capitalizou, metendo a bola no buraco da agulha, entre Cássio e o poste.

Ivan Balliu
O lateral que cresceu no Barcelona foi um dos melhores do Arouca. Curioso até porque teve pela frente o lado mais procurado pelo Rio Ave. Mas ninguém se ficou a rir, porque o espanhol mostrou competência e uma noção de espaço que evitou riscos desnecessários.

Diego Lopes
Artista, mas perdulário. Azar no primeiro tempo quando atirou ao poste. Culpa própria, ou mérito alheio, no resto das tentativas, que não foram assim tão escassas. A falta de pontaria prejudicou-lhe, assim, a avaliação, num jogo em que fez o que podia para tentar levar a equipa para a frente.

Tiago Pinto
Que início de jogo! O lateral entrou a todo o gás, com a energia que o caracteriza e mostrando que ainda pode ser um valor a ter bem em conta nesta Liga. Fantástica a arrancada aos 9 minutos, deixando dois homens para trás antes de testar Goicochea. Mesmo apanhando o inspirado Ivan Balliu, para além de Pintassilgo ou Nildo, sai com nota positiva.

Tarantini
Má primeira parte, excelente início na segunda. Se no primeiro tempo acumulou más decisões, nomeadamente no capítulo do passe (o relvado não ajudou), entrou cheio de garra para a segunda parte. Aliás, essa é uma das suas características mais vincadas. Marcou o golo da igualdade a um, num cabeceamento oportuno. Perdeu-se quando o jogo do Rio Ave pasou a ser mais direto.