Arouca e Sp. Braga repetiram o nulo da primeira volta, num jogo que tinha tudo para ser de futebol espetáculo, mas que se transformou na segunda parte. Para pior, diga-se. A confusão entre jogadores  resultou na expulsão de dois atletas bracarenses, colocando um ponto final no futebol jogado.

O Sp. Braga acaba a celebrar a conquista de um ponto no terreno do Arouca, que não teve cabeça fria para aproveitar a vantagem numérica.

Frente a frente, mais do que 4.º e 5.º classificados, estavam duas das equipas lusas que estão a ter melhores desempenhos nesta época. Ainda que tenham objetivos bem distintos, arouquenses e arsenalistas chegaram a este confronto a viver excelentes momentos.

O Arouca, já com a manutenção assegurada, vinha de três triunfos consecutivos, algo que nunca tinha alcançado em três anos de Liga, e uma classificação europeia persiste no horizonte, ainda que os responsáveis da equipa do norte do distrito de Aveiro teimem em não assumir essa possibilidade.

Os minhotos, por seu turno, chegavam de uma sequência de 12 jogos sem derrotas, sendo a única equipa lusa a manter-se em todas as frentes. O jogo prometia, portanto. E não desiludiu. Pelo menos durante 50 minutos.

Num final de tarde gelado em Arouca – um dia depois de ter nevado na vila, algo que já não acontecia há 22 anos – Arouca e Sp. Braga decidiram aquecer o serão de quem foi ao estádio entrando... a todo o gás.

Mais incisivo, o conjunto de Lito Vidigal, assumiu as despesas da partida desde o apito inicial e demorou apenas três minutos a colocar Marafona à prova depois de uma jogada de Zequinha ter deixado Artur na cara do guardião ex- Paços, que levou a melhor sobre o camisola 7 do Arouca.

Apenas quatro minutos volvidos, mantiveram-se todos os intervenientes, mas juntou-se-lhes Djavan, que assumiu o papel de herói, num lance em que Artur surge isolado nas costas da defensiva bracarense com tempo para encarar Marafona, mas a preferir o toque para o centro da área onde Zequinha surgia para encostar, não fosse a intervenção salvadora do lateral-esquerdo arsenalista a tirar para canto.

Não se ficou o Sp. Braga, respondendo no minuto seguinte. Mais uma vez Djavan na jogada, desta vez a fazer o cruzamento para Wilson Eduardo rematar uma bola que ia para a baliza, não fosse o desvio de Adilson.

Mas era o Arouca quem estava melhor e voltou a mostrá-lo à passagem do quarto de hora, criando a melhor oportunidade dos primeiros 45 minutos. Mais uma vez com Zequinha: após ultrapassar Filipe Augusto, o dianteiro arouquense entrou na área pela direita e à saída de Marafona fez a bola bater com estrondo no poste da baliza adversária.

Os primeiros 45 minutos diante do Sp. Braga terão sido dos melhores da boa época arouquense, até pelo adversário que tinha pela frente. Já sem a pressão da pontuação, a formação de Lito Vidigal explorou o seu futebol de posse, encostando os bracarenses à sua área, fazendo Marafona ser o jogador em maior destaque no conjunto minhoto, com várias intervenções preponderantes, destacando-se a defesa ao livre de Lucas Lima a fechar o primeiro tempo.

Não podemos ficar só pelo futebol?

A segunda parte prometia seguir a mesma toada de futebol positivo de ambas as equipas. Paulo Fonseca mexeu ao intervalo, fazendo entrar Luiz Carlos para o lugar do «amarelado» Filipe Augusto, para não correr riscos.

Mas o que Fonseca não esperava era o que se seguiria. Aos dez minutos da etapa complementar, após um bom movimento ofensivo dos arsenalistas, Wilson Eduardo surgiu no coração da área a responder a um cruzamento de Pedro Santos, num remate travado pelo braço de um imprudente Adilson. O árbitro hesitou, mas – bem –, apontou para a marca de grande penalidade. O lance não deixou dúvidas e nem causou grandes protestos dos jogadores arouquenses, mas seria a origem de uma confusão desnecessária.

Quando Alan se preparava para bater a grande penalidade Gegé e Pedro Santos desentenderam-se. Ato contínuo, vários jogadores de ambas as equipas envolveram-se em escaramuças que resultaram num rol de cartões: três amarelos e um vermelho, para Rui Fonte. O regressado Alan deixou desconcentrar-se pela situação e permitiu a defesa de Bracali.

O Arouca parecia ter então todas as condições para partir em busca dos três pontos, moralizado pela defesa do seu guardião e aproveitando a superioridade.

Porém, estava escrito que o futebol tinha deixado de ser do mais importante do campo que passou a acolher uma batalha indesejada. Djavan entrou nesse jogo e também foi expulso, após pisar Gegé.

A partir daí assistiu-se apenas a salpicos de futebol. Lito Vidigal apostou tudo no ataque, mas a equipa passou a ser demasiado sôfrega na busca da vantagem. Já Paulo Fonseca ajustou o setor recuado e passou a defender o nulo. Nos últimos minutos, destacou-se então um Pedro Santos a tentar levar, sozinho, a equipa para a frente, enquanto a equipa da casa pareceu ter perdido a clarividência na confusão do recomeço da partida.

Com isto, perderam os adeptos, que tiveram ânimos escaldantes, mas que, com certeza, teriam preferido o calor do futebol a que se assistiu na primeira parte.