Não foi um jogo bonito, antes pelo contrário. Mas os dois golos que selaram a invencibilidade caseira do Marítimo, que já tem um ano e quase um mês, ajudam sobremaneira ao fazer esquecer um jogo muito tático e que, a espaços, foi mal disputado de parte a parte.

Rodrigo Pinho abriu o marcador, com um golaço que tem tudo para figurar entre os melhor da presente temporada. Aconteceu contra a corrente do jogo, é certo. Mas o Tondela não soube a reagir ao habitual pragmatismo da equipa insular e pôs-se a jeito para sofrer o segundo, que surgiu por Ricardo Valente, pouco depois do reatamento.

O Tondela vinha de uma vitória caseira frente ao Belenenses e entrou muito confiante quanto à conquista de mais um resultado positivo, mesmo sabendo que pela frente encontraria um adversário que não sabe o que é perder em casa há mais de um ano. Já o Marítimo, procurava regressar às vitórias, depois da derrota sofrida em Setúbal e do empate ante do Benfica, há duas jornadas.

Mesmo contando com o habitual recuo táctico do conjunto madeirense, que não deixa de ceder a iniciativa ao adversário quando joga em casa, os pupilos de Pepa entraram com muita autoridade, pressionando com sucesso a primeira e segunda fase de construção dos homens de Daniel Ramos.

Não foi assim uma surpresa que o primeiro sinal de perigo tenha sido protagonizado pela turma de Viseu. Aos cinco minutos, Charles foi obrigado a demonstrar porque é que foi eleito do melhor guarda-redes do mês de setembro, ao opor-se a um remate forte de Hélder Tavares, já desferido muito perto da baliza insular.

O lance intranquilizou o Marítimo, injectando ainda mais confiança na equipa tondelense. Nos minutos seguintes, os visitantes forçaram ainda mais o erro adversário. Seguiram-se algumas perdas de bola tanto da defesa como meio campo insular. Mas a forte pressão do Tondela não conseguiu voltar a construir mais perigo junto da baliza de Charles.

Nos primeiros 15 minutos, a equipa de Daniel Ramos não conseguia passar o seu meio campo ofensivo. O Tondela tapava bem os espaços, e quando não recuperava naturalmente o esférico, os homens da casa faziam questão de o entregar com passes óbvios ou mal medidos.

O Marítimo estava submetido. Mas Rodrigo Pinho encarregou-se de estragar os planos a Pepa. Aos 20’, o avançado brasileiro conseguiu receber com algum espaço, ainda a uns bons 40 metros da baliza de Cláudio Ramos e rematou forte depois de driblar um adversário. Golaço apontado do meio da rua!

No primeiro remate à baliza, Pinho inaugurava o marcador contra a corrente do jogo. E, três minutos depois, Edgar Costa quase fez o segundo. Ainda se gritou golo, mas o cabeceamento saiu ao lado.

Esperava-se uma reação forte do Tondela. A equipa de Viseu continuou a ter mais posse de bola e a pressionar mais, mas sem produção ofensiva capaz de incomodar a defensiva da casa, que passou a atuar mais tranquila.

Falar de qualidade no primeiro tempo, só é possível no golo de Rodrigo Pinho. O calor que se fez sentir na cidade do Funchal – e que obrigou os jogadores a refrescarem-se sempre que podiam - também não deverá ter incentivado mais intensidade na partida. Quando o intervalo chegou, tanto o Tondela como o Marítimo pareciam satisfeitos com o resultado.

No regresso do descanso, aguardava-se um Tondela mais empenhado em chegar ao empate. Mas foi o Marítimo a entrar com tudo para dilatar a vantagem. A tarde já estava mais fresca, em termos de temperatura, e o Marítimo também... Após duas investidas, Ricardo Valente elevou a contagem, com um golo de cabeça a fazer lembrar o tento que valeu o empate na receção ao Benfica. Decorria o minuto 57’, mas o passe teleguiado desta feita não foi desenhado por Bebeto. A assistência ‘com conta, peso e medida foi inventada pelo ‘capitão’ Edgar Costa.

Pouco depois, Dráusio cabeceou ao lado, levando novamente o estádio a gritar golo antes de tempo. O 2-0 e a forte reentrada dos verde-rubros levou Pepa a dar um murro no banco, fazendo duas substituições de uma assentada. Mas o máximo que conseguiu fazer foi equilibrar a contenda em termos de disputa do jogo, já que estava escrito que não iria voltar a entrar na discussão do resultado.

Até ao apito final, guardião Charles foi chamado a segurar a vantagem com duas excelentes intervenções. Mas com as quebras de jogo que foram acontecendo fruto de algumas assistências a jogadores, e sobretudo, com as substituições tácticas e de gestão de esforço por parte do Marítimo, o Tondela ficou sem tempo de reação.