Aristóteles disse que o prazer no trabalho aperfeiçoa a obra.

Quem diria que este Rio Ave, com tantas mudanças no plantel de uma época para outra, teria 13 pontos à sexta jornada? A morder os calcanhares ao pódio da Liga?

Talvez o trabalho responda por si. Aquele que o Boavista também deu com dez e com nove, quase impondo um empate que parecia utópico nos últimos minutos.

O Rio Ave foi seguro a nível coletivo, ainda tremeu no fim, mas venceu. Com uma defesa em crescente consistência. Um meio campo com uma dupla Schmidt-Jambor a dar cartas. E um ataque com homens rápidos a par de um matador Carlos Vinícius. Elementos de sobra para a receita que permitiu a quarta vitória em seis jogos na Liga. Isto perante um Boavista renascido no último quarto de hora, até ao qual foi incapaz de responder com afinco após a expulsão de Sparagna.

O xadrez cedo começou a ser desmontado e ficou com menos uma peça aos 31 minutos. Isto já após um erro clamoroso do central francês a dar o 1-0 ao Rio Ave. Mas já lá vamos.

Em comum, três alterações em cada equipa e um início de parada e resposta. Fábio Coentrão foi o grande nome no onze do Rio Ave e fez os primeiros minutos esta época. Nadjack, face ao castigo de Junio, entrou. E Galeno, após ser decisivo nos Açores, mereceu a titularidade em vez de Gabrielzinho. No Boavista, Simão trocou Idris por Obiora, Mateus e Falcone por André Claro e Rafael Lopes.

Já o Rio Ave dava sinais de maior índole atacante quando um erro de Sparagna abriu caminho permitiu a Vinícius isolar-se e marcador após driblar Helton (14m).

Rio Ave-Boavista, 2-1: os destaques

O Boavista teve dificuldade em responder e só assustou num lance de insistência por Claro e Rochinha (18m). O resto, foi um Rio Ave superior, mais capaz, a gerir a vantagem e à espreita de aumentá-la: Galeno tentou de longe e Vinícius atirou ao ferro.

Claros avisos que tornar-se-iam mais evidente após Sparagna travar Vinícius, que seguia como uma seta para a baliza contrária. Resultado? Vermelho direto, Boavista com menos um jogador e a perder. Penoso.

Cresceu ainda mais o Rio Ave. Uma equipa que sem ser dominadora, tem mostrado que não perde o autocontrolo. Foi assim até ao 2-0: um passe primoroso de Schmidt enganou a defensiva do Boavista e Vinícius, com um toque de Diego Lopes pelo meio, arrancou e bateu Helton Leite (40m).

Até ao último quarto de hora, o Rio Ave conseguiu gerir e quase matou o jogo numa arrancada de Galeno. Mas o futebol é um lugar estranho. Imprevisível. Tudo parecia bem para os da casa. Mal para o Boavista. Até que um erro de Leo Jardim na receção de bola deu canto a que Rafael Lopes deu seguimento com uma cabeçada imponente perante Buatu (75m).

E o empate quase aconteceu: David Simão atirou ao ferro num livre direto. Um choque de cabeças arrepiante entre Buatu e Raphael Silva deixou o Boavista, de substituições esgotadas, com nove. Mas nem nessa circunstância a pantera desistiu e por isso saiu com muitas palmas dos adeptos.

Uma coisa é certa: Rio Ave e Boavista mostram prazer no trabalho. Se nos vilacondenses os resultados estão a ser imediatos, o xadrez pede tempo para aperfeiçoar a obra.