Drama e muita polémica, mas desta vez, depois do tropeção frente ao Tondela (2-2), o Sporting conseguiu desfazer o empate diante da Académica (3-2) e garantiu, pelo menos, mais uma semana na liderança, num jogo impróprio para cardíacos. Os leões entraram no jogo praticamente a perder, viraram o resultado antes do intervalo, mas permitiram novo empate, com um golo claramente irregular, mas que acabou por ser validado por Cosme Machado. Depois foi sofrer muito até ao precioso golo de Montero a quatro minutos do fim.
 
Confira a FICHA DO JOGO

Mas comecemos pelo início que contou com duas surpresas na constituição das equipas, com Rúben Semedo, resgatado esta semana ao V. Setúbal, a entrar diretamente no onze, para o lugar de Ewerton [Paulo Oliveira estava castigado], tal como Carlos Mané que, depois de ter estado muito perto de ser reforço do Hamburgo, estreou-se esta noite como titular em jogos da Liga. Uma remodelação que contou ainda com Zeegelaar no lugar de Jeferson no lado esquerdo da defesa. Os leões procuraram impor uma intensidade forte desde o primeiro minuto, mas assim que o ritmo abrandou, aos 9 minutos, num demorado pontapé favorável à Académica, sofreram um golo. Canto rasteiro marcado por Leandro Silva, sobre a esquerda, e Rafa Soares a vir do nada para marcar, com um pontapé colocado, sem qualquer oposição. Tudo a dormir na defesa leonina.

Reviravolta antes do intervalo
 
Em reação, os leões aumentaram ainda mais a intensidade do jogo, com um ataque que se estendia a toda a largura do terreno, com muitas aberturas para as laterais, com Zeegelaar muito em jogo, mas sobretudo na zona central, onde se destacavam João Mário e Adrien, com especial destaque para as ações do capitão dos leões, com muita liberdade de ação na zona frontal. O jogo concentrou-se junto à área de Pedro Trigueira, Bryan Ruiz fez uma primeira ameaça e, logo a seguir, Adrien marcou, na sequência de um lance individual. Recebeu uma bola já no interior da área, sobre a esquerda, deixou Fernando Alexandre nas covas e, já com angulo apertado, atirou a contar para o segundo poste.


 
Alvalade respirava de alívio, mas o empate com o Tondela (2-2), no último jogo em casa, estava ainda fresco na memória e pedia-se mais. Jorge Jesus terá pedido demais e recebeu mesmo ordem de expulsão. O treinador ainda terá ouvido os festejos do segundo golo a caminho das bancadas. Um enorme «brinde» da Académica, ou melhor de Nuno Piloto, que deixou-se desarmar por João Mário em zona proibida, à entrada da área. Carlos Mané desceu até à linha de fundo e cruzou para um golo fácil de Bryan Ruiz. A dois minutos do intervalo, os leões davam a volta ao resultado.
 
A Académica, depois do primeiro golo [único remate que fez à baliza de Patrício], pouco mais acrescentou, tirando um contra-ataque conduzido por Marinho que Hugo Sêco não conseguiu dar bom seguimento. Jorge Jesus já não estava no banco, mas continuava a querer mais e, nesse sentido, prescindiu de William Carvalho [continua longe do seu melhor e terminou a primeira parte a coxear] para lançar Gelson Martins para a segunda parte.
 
Caso, empate e nova montanha para subir
 
O Sporting regressava ao relvado com uma frente de ataque ainda mais maleável, com Gelson e Mané a ocuparem as alas deixando o «carrocel» na zona central entregue a Adrien, João Mário, Bryan Ruiz e Slimani. Por outro lado, os leões ficavam mais descobertos em termos defensivos e Filipe Gouveia tentou explorar esse pormenor, abdicando de Nuno Piloto para juntar Gonçalo Paciência a Rafael Lopes na frente. As duas equipas estavam ainda a enquadrar-se nos novos sistemas de jogo quando se deu o caso do jogo.
 
Livre para a Académica, Patrício sai de entre os postes para afastar com os punhos, Ricardo Nascimento cabeceia à entrada da área e Ewerton, na disputa de uma bola com João Real, acaba por desviar para as próprias redes. Num primeiro momento, o auxiliar assinala fora de jogo [e bem, porque João Real fez-se ao lance e tem apenas Ewerton à frente], mas o árbitro de Braga, depois de uma conversa junto à linha, inverteu a decisão e validou mesmo o golo.
 
O Sporting estava obrigado a subir mais uma montanha e Jorge Jesus lançava ainda Montero para a contenda, abdicando de Mané, enquanto a Académica apressava-se a recuar na defesa do empate. Num lançamento rápido de Montero, Slimani esteve muito perto de marcar, com um chapéu que Trigueira conseguiu desfazer com uma grande defesa. Faltavam vinte minutos para o final, o Sporting não jogava propriamente bem, mas tinha muita gente na frente e muito coração para chegar ao terceiro golo. Bryan Ruiz teve outra oportunidade soberana, mas acabou desarmado por Trigueira.
 
Pelo meio, Aderlan viu um segundo cartão amarelo e a Académica ficou reduzida a dez. A pressão era cada vez mais intensa, apesar do futebol confuso, desconexo, mas ainda com muito coração. Adrien também esteve perto, mas foi Montero que fez descansar Alvalade, aos 87 minutos (!), tirando proveito de um erro crasso de Hugo Sêco. O Sporting recuperava a vantagem, mas o sangue continuava a ferver. Gelson e Montero atrapalharam-se um ao outro e desperdiçaram novo golo, enquanto Cosme Machado expulsava também Nélson do banco.
 
A verdade é que o Sporting acabou superar todos os «obstáculos» e acabou por conseguir o essencial e, desta forma, a certeza que continua a ser o dono do primeiro lugar, pelo menos, por mais uma semana.