Figura: Corona, versão melhorada

A par de Brahimi, é o jogador em melhor forma no FC Porto. A inconstância que o assombrou no passado parece ter desaparecido. Tecatito está diferente. O mexicano manteve a técnica refinada e o drible desconcertante, mas passou a vestir mais vezes a farda de operário e aprendeu a gostar de roubar bolas. Foi assim, por exemplo, no lance do 1-0. Antecipou-se a Eduardo, rompeu em velocidade e, depois, com inteligência assistiu Brahimi. Saiu em ombros com os adeptos a entoarem o seu nome, o que refleta a importância do seu contributo para esta vitória.

Momento: minuto 6, uma lição sobre como se morre agarrado a uma ideia

O que muitos definem como romanticismo, outros consideram a melhor forma de chegar à vitória. Silas inclui-se na categoria dos românticos e a sua equipa segue à risca a sua filosofia. Independentemente do risco inerente a essa mesma ideia. O lance que dá origem ao primeiro golo do FC Porto é sintomático. Sasso tentou o passe interior para Eduardo, Corona roubou a bola, entrou na área e assistiu Brahimi. O Belenenses começou a perder nesse lance, mas foi igual a si próprio o resto do tempo.

Outros destaques:


Brahimi: está uns furos bem acima dos restantes. Foi incrível o modo com se livrou das camisolas cinzentas - é absolutamente desconcertante. Não fez uma exibição de levantar o estádio, mas contribuiu de forma decisiva para o 24.º jogo seguido sem derrotas do FC Porto. Para além de ter anotado o primeiro golo da noite, confundiu as marcações do adversário com os movimentos de fora para dentro que tanto gosta para depois servir os colegas. Ao mesmo tempo, abriu o corredor lateral para as subidas de Telles. Fatigado, caiu de rendimento no segundo tempo.

Alex Telles: finalmente uma exibição de bom nível, a fazer lembrar as que rubricou na época passada. Cansou só de o ver correr por toda a linha lateral naquele que foi o seu 33.º jogo da época (!). Cumpriu no capítulo defensivo e fartou-se de surgir no espaço deixado em aberto por Brahimi para cruzar. Notável a assistência – a quarta na Liga - para o cabeceamento certeiro de Militão para o 2-0, após um pontapé livre ensaiado. Por pouco não manchou a sua prestação com um passe mal medido e que apenas por graça de Iker não acabou nos pés de Licá.

André Santos: a filosofia de Silas personificada num jogador. Num ambiente adverso, teve o mérito de nunca se esconder. Assumiu sempre a construção de jogo da formação de Belém, fez a bola circular ora por dentro do bloco portista, ora pelos corredores. Bem posicionado e inteligente, recuperou inúmeras bolas. Em suma, foi o melhor do Belenenses.

Sasso: Silas recuperou o esquema de três defesas e lançou o francês. Contudo, a aposta não se revelou tão certeira quanto o treinador do Belenenses imaginou. O defesa errou o passe para Eduardo que permitiu a Corona desenhar o 1-0. A partir desse momento, falhou vários passes fáceis na saída de bola do conjunto lisboeta. Por isso, merece destaque pela negativa.

Muriel: sem hipóteses de defesa no golo sofrido, evitou pelo menos mais dois. Corajoso a sair de entre os postes, felino no meio deles. O irmão de Allison parou os remates de Corona (42’), Marega (55’)  Óliver (65’), mantendo o Belenenses na discussão do jogo o máximo de tempo possível. Voltou a provar que é um dos valores interessantes da Liga.