Na curva de 2023 para 2024, o Benfica carregou no acelerador a fundo e arrancou a quarta vitória consecutiva, batendo o Famalicão para chegar ao topo da classificação antes do Sporting jogar em Portimão este domingo. Com Tiago Gouveia no lugar de Di María, foi João Neves que voltou a encantar os adeptos, com um golpe de magia que abriu caminho para o primeiro golo de Arthur Cabral na Liga. O Famalicão, muito bem organizado, ainda fez tremer os alicerces da Luz, com destaque para um remate de Zaydou ao ferro, mas Rafa, que está nos três golos, e Musa acabaram por confirmar o triunfo dos encarnados na etapa final do jogo.

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Roger Schmidt disse, na antevisão desta partida, que a atual equipa do Benfica está ao nível da que o ano passado conquistou o título e a verdade é que o Benfica começa a recuperar os automatismos que chegou a exibir na temporada passada e nem abanou face à ausência de três peças habituais no onze de Schmidt: Otamendi, Di María e Tengestedt. Entraram Tomás Araújo, Tiago Gouveia e Arthur Cabral e a equipa manteve-se fiel aos seus princípios, com um bloco subido e uma constante pressão sobre o adversário, mas com tendência para descair para a esquerda, onde Morato e Tiago Gouveia conseguiam mais profundidade do que Aursnes e João Mário nom lado contrário.

O jovem médio, a grande novidade no onze de Schmidt, procurou, aliás, mostrar serviço logo após o primeiro apito de André Narciso, primeiro com uma perpendicular da esquerda para o interior da área a culminar com remate para defesa de Luiz Júnior, logo a seguir com uma assistência para o coração da área, onde surgiu Rafa, em posição privilegiada, a atirar por cima da trave.

Uma entrada forte do Benfica que foi perdendo fulgor à medida que o Famalicão se foi organizando em campo. Inicialmente muito retraída, a equipa de João Pedro Sousa foi-se soltando no jogo, conseguindo escapar à pressão alta do Benfica, tal como o adversário, pelo corredor esquerdo, onde Francisco Moura, em grande forma, encontrava sempre uma porta de fuga. O jogo equilibrou-se subitamente e o Famalicão conseguiu, por largos minutos, jogar de igual para igual, em casa do campeão, conseguindo sair a jogar muitas vezes e a obrigar o Benfica a recuar em toda a linha.

A verdade é que o Benfica procurou manter a sua autoridade em campo, explorando também o corredor central, com Arthur Cabral, bem mais leve e solto do que estávamos habituados, a receber muitas bolas de costas para a baliza, a rodar e a procurar o remate. No entanto, a boa réplica do Famalicão parecia estar a amolecer os encarnados que sentiam dificuldades em acelerar o jogo, até que aconteceu um dos grandes momentos deste jogo: João Neves, sobre a direita, deixou um adversário nas costas, com uma espetacular simulação, e, logo de seguida, abriu uma autoestrada para Rafa Silva percorrer, até à linha de fundo e cruzar para a finalização fácil de Arthur Cabral.

Foi o primeiro golo do brasileiro, o herói de Salzburgo, na Liga, mas a equipa foi toda festejar com o pequeno gigante João Neves, afinal de contas, o grande artífice deste golo. Um golo que teve o condão de mudar o jogo, agora com um Famalicão mais perdido em campo, face à pressão alta do Benfica, agora bem mais eficiente, tanto na recuperação de bola, como na provocação de desequilíbrios na área de Luiz Júnior. Os últimos quinze minutos até ao intervalo, voaram num ápice, mas já com um Benfica totalmente no comando das operações.

Trubin e poste seguram empate

A segunda parte começou ainda mais aberta, com o Famalicão, a perder, a subir o bloco, proporcionando mais espaços para o Benfica atacar, mas também a obrigar os encarnados a recuar rápido para responder às transições perigosas do Famalicão. Logo a abrir, Topic ganhou uma bola a João Neves, entrou na área e rematou ao lado. O jogo estava bem mais aberto e Trubin teve de aplicar-se, nos minutos seguintes, para evitar o empate do Famalicão, com as sucessivas oportunidades flagrantes de Théo Fonseca, Chiquinho e, sobretudo de Zaydou que acertou com estrondo no poste com o ucraniano já batido.

João Pedro Sousa procurou tirar dividendos deste bom momento e foi o primeiro a mexer na equipa, procurando refrescar as alas. Roger Schmidt respondeu logo de seguida, primeiro com três alterações de uma assentada, depois com mais uma forçada, com Aursnes a sair lesionado e a obrigar o treinador alemão a reestruturar a defesa, com Jurásek a entrar para lateral esquerdo, Morato a juntar-se a António Silva e Tomás Araújo a descair sobre a direita.

O Famalicão voltou a ameaçar o empate, Trubin voltou a ser decisivo, até que, a cinco minutos do final, numa altura em que a Luz estava em silêncio, face à incógnita do resultado, Rafa recuperou a festa nas bancadas com o segundo golo da noite. Um grande lance com a participação de João Mário, Gonçalo Guedes e Musa. Bola ao centro e novo golo do Benfica, a fechar as contas, aos 89 minutos, agora com Rafa a assistir Musa. Estava mais do que feito.

O Benfica chega, assim, novamente ao topo da classificação, com mais dois pontos do que o Sporting que só entra em campo este domingo.