Custou, arrancou com uma hora de atraso, mas arrancou. A jornada 28 viu o jogo inaugural quase ser adiado pela intempérie, mas o dilúvio das Aves levou três pontos até ao Sado. O primeiro triunfo fora de portas do V. Setúbal construiu-se com um poker como serenata à chuva por parte de Edinho.

Confira a FICHA DO JOGO

O Aves entrou melhor, foi para o intervalo a vencer e tinha o jogo aparentemente controlado. Mas uma segunda parte de aproveitamento máximo da equipa de José Couceiro fez os sadinos partirem para uma reviravolta absolutamente incrível. Do alto dos seus 35 anos Edinho assinou uma época para não mais esquecer e quase fez esquecer o dilúvio ao vestir a capa de herói.

As condições climatéricas marcaram de forma vincada o embate entre aflitos na fuga aos últimos lugares. Em igualdade pontual na tabela classificativa, foi num cenário precisamente encharcado que Desp. Aves e V. Setúbal lutaram para fugir à linha de água, para a qual tinham dois pontos de vantagem.

Músculo a combater a intempérie

Cedo se apercebeu que a técnica teria que fica de lado. Fizeram-se preces ao músculo, rogativas à entrega física e súplicas à superação da condição humana. Foi mais incisivo nestes argumentos o Desp. Aves.

Destemidos, os comandados de José Mota ameaçaram abrir o ativo aos dez minutos num lance em que Nildo disparou para o coração da área, vendo Derley chegar ligeiramente atrasado para fazer a emenda já na pequena área.

Edinho, por seu turno, pouco dado ao jogo, ia sendo o principal rosto, pela negativa, dos sadinos. Dispôs de duas ocasiões que podiam ter melhor seguimento, mas o gesto técnico saiu com dificuldades. Não acertou no esférico, melhor dizendo, conferindo pouco esclarecimento ao V. Setúbal. Nem chegaram a ser lances de verdadeiro perigo.

Em cima do intervalo, em jeito de serenata à chuva quando a intempérie era aterrorizadora, Fariña fez as redes abanar. Destaque para o trabalho de Braga a invadir a área evitando vários adversários, dando depois para o argentino rematar forte e colocado com o pé esquerdo para o fundo das redes. Nada de novo. O V. Setúbal sofreu golos em todos os jogos que fez fora de portas esta época.

Redenção de Edinho com direito a poker

Sinal mais para a equipa da casa coroado com a vantagem parcial, mas o adormecimento na entrada da segunda metade teve custos para os pupilos de José Mota. Num lance algo fortuito o V. Setúbal igualou o encontro. Bola jogada para a esquerda, Fellipe escorregou e deixou via aberta para Costinha ficar na cara de Facchini. Edinho redimiu-se das falhas da primeira metade e apareceu no sítio certo para atirar para golo a bola que o poste devolveu.

O que se seguiu foi uma espécie de conto de fadas para os sadinos. Edinho chegou ao poker em menos de meia hora, com um dos jogos mais saborosos da sua carreira. José Mota apostou em Guedes ao lado de Derley no ataque, uma alteração ousada que descompensou o meio campo. Fariña estava a emprestar força ao meio campo e desde a sua saída não mais os avenses se encontraram.

Teve seguimento o show de Edinho. Cabeceamento irrepreensível do atacante a corresponder a um livre de Nuno Pinto a dar a cambalhota no marcador aos sadinos, que ainda não tinham qualquer triunfo fora de portas na presente edição da Liga. O Aves da era José Mota ainda não tinha sofrido golos em casa, mas acabou goleado porque Edinho não tirou o dedo do gatilho. Remate forte com o pé esquerdo à entrada da área no terceiro e poker na transformação de uma grande penalidade que o próprio sofreu.

O primeiro triunfo do V. Setúbal fora de portas tem um nome e muito sabor. O nome é Edinho, está claro, e o sabor intenso a vitória. Resposta da equipa de José Couceiro quando as contas da Liga começam a ser feitas de forma definitiva. Com este resultado os sadinos conquistam três pontos importantíssimos, passam a ter vantagem no confronto direto no confronto com o Aves e enchem o peito de ar.

Confira o resumo do jogo: