Fabiano Soares estreou-se a vencer no comando técnico do Estoril numa partida cujo final parecia tirado de uma série de suspense norte-americana. O Paços de Ferreira teve o ponto seguro quase até final, vendo, inclusivamente, a equipa da casa desperdiçar uma grande penalidade. Tozé viveu, durante alguns minutos, no purgatório, mas emendou a mão e resgatou os três pontos para a sua equipa.

O Estoril-Praia colocou, diante do Paços de Ferreira, um ponto final na travessia do deserto que durou 107 dias, cumprindo a tradição de não deixar a formação da Capital do Móvel ser feliz no António Coimbra da Mota.

DESTAQUES ESTORIL-P.FERREIRA

O ar, nota-se, ficou mais respirável após a conquista dos três pontos, que, no fundo, simbolizam muito mais do que simples aritmética. Permite à equipa voltar a sorrir e, quase, garantem o bilhete para a próxima edição da I Liga.

Quase porque, em bom rigor, a meta dos 30 pontos não passa, por agora, de uma linha imaginária traçada pelos diversos treinadores que estão embrulhados nesta luta.

FILME DO JOGO ESTORIL-P.FERREIRA

O dia foi, por isso, de mudanças na Amoreira. Começaram na baliza, com o regresso de Kieszek à titularidade, e terminaram na frente de ataque com a inclusão de dois homens de área, ainda que Leo Bonatini estivesse, de certa forma, camuflado num dos flancos.

O início foi prometedor, diga-se, devido ao empertigamento da equipa da casa, que queria, rapidamente, resolver a questão e atirar, para trás das costas, as más memórias do passado recente.

Sebá foi, por essa altura, o expoente máximo do andamento estorilista, com duas boas oportunidades para fazer funcionar o marcador, mas capitulou no momento da definição.

Paços largos

Superados os minutos iniciais, uma espécie de 'Cabo das Tormentas' para quem joga fora de casa, a equipa de Paulo Fonseca foi metendo o pé no jogo e colocou os nervos em franja ao Estoril.

A fórmula encontrada passou por uma gestão criteriosa da posse de bola, que retirava iniciativa ao adversário, e exploração dos corredores laterais, aproveitando a velocidade dos homens que atuam sobre as faixas.

Foi precisamente por aí que os castores foram criando perigo, embora a imagem que fica para recordação seja a dos remates de Sérgio Oliveira. O senhor 30 milhões, que na próxima época regressa ao Dragão, teve duas oportunidades para superar Kieszek, mas não foi eficaz.

De resto, mais ou menos cruzamento, o tempo foi-se arrastando para o intervalo sem que os visitantes transparecessem sinais de preocupação, mesmo tendo em conta que Paulo Fonseca foi obrigado a mexer devido a lesão de Rodrigo Gallo.

Afinal estão confortavelmente instalados na parte superior da tabela e o quinto lugar é um sonho e não uma obsessão.  
 
Tozé encurralado entre dois mundos

O Estoril regressou do balneário com a mesma inspiração com que havia começado a partida, numa reação que parece ter algo de místico, e podia ter, inclusivamente, arrumado a questão no reatamento. A festa só não aconteceu, de resto, porque Kléber e Tozé, após passes de Sebá, deslumbraram-se e não conseguiram ultrapassar António Filipe.

O filão estava mesmo no flanco esquerdo da equipa da casa, onde morava Sebá e Paulo Fonseca fora obrigado improvisar Edson Farías. O estorilista promoveu, de resto, várias arrancadas por aquele terreno, mas os homens de área voltaram a não estar aptos para a finalização.

Pelo meio o Paços de Ferreira ainda construiu a sua melhor ocasião de golo, numa cabeçada de Ricardo que Kieszek defendeu.

Parecia tudo encaminhado para o empate, até que Tozé sofreu uma grande penalidade e devolveu o sorriso aos adeptos. Durou pouco, porque o remate do médio saiu, inacreditavelmente, por cima do travessão.

Voltavam as nuvens, mas o vento rapidamente as levou e retirou o peso dos ombros do camisola 70 do Estoril.

Encheu-se de raiva e marcou o golo que devolveu os triunfos à formação da Amoreira. O Paços ainda introduziu a bola num último fôlego, mas o lance foi anulado por posição irregular.

À 10.ª foi de vez. O Estoril voltou aos triunfos e atirou, para trás das costas, uma série negra. O Paços viu cumprir a tradição e continua sem ganhar no António Coimbra da Mota em jogos para Liga.