Parece magia. O Feirense regressou aos triunfos e vai passar o Natal mais descansado. Nuno Manta Santos fez-se mago, aproveitou alguns ajudantes que estavam esquecidos e venceu o P. Ferreira por 2-0. O Feirense volta às vitórias no campeonato mais de três meses depois, conseguindo dois golos de grande penalidade, e passa a somar 14 pontos, apenas menos dois do que o adversário desta noite.

O treinador interino dos fogaceiros apresentou uma equipa com algumas novidades – sobretudo Fabinho, Luís Machado - e levou a melhor sobre o ex-interino Vasco Seabra, que assumiu o comando dos castores após a saída de Carlos Pinto e convenceu os responsáveis de que seria a escolha certa para conduzir a equipa até ao final da época. Dá vontade de aproveitar a ideia, Feirense?

Será dos ares de Perlim?

Ao fundo, apesar na neblina, o Castelo de Santa Maria da Feira mostrava-se envaidecidamente iluminado. Durante este mês natalício é ali que se encontra o mundo mágico de Perlim. A contornar as muralhas, as luzes azuis e brancas sinalizam para todos o parque temático do Natal, que faz as delícias dos mais pequenos.

No sopé do castelo, porém, à flor do relvado do Marcolino de Castro, de onde é possível ver o cenário descrito, o brilho tem sido pouco e os motivos de festa não são mais. Isso mesmo prova a saída, no início da semana, de José Mota do comando técnico dos fogaceiros.

Na resposta à chicotada, os jogadores fogaceiros entraram em campo com o desejo de inverter a série de cinco derrotas consecutivas e nove jogos sem vencer. O Feirense começou por ter mais bola, mas faltou-lhe sempre discernimento para construir jogadas de perigo.

A vontade essa, porém, notava-se até na forma como os fogaceiros chegavam com muita gente ao ataque. Só que essa vontade mostrava-se excessiva e desequilibrava a equipa defensivamente. E isso era bem visível na forma como o P. Ferreira contra-atacava sempre com muito perigo. E aí, valeu aos feirenses, as várias intervenções de qualidade que Vaná foi fazendo, segurando o nulo.

Com o jogo nos termos descritos, e com maior ascendente de perigo dos pacenses, seria o Feirense a adiantar-se no marcador, num raro lance em que conseguiu sair em velocidade. Luís Machado entrou na área, ao puxar a bola para dentro sentiu um toque de Bruno Santos, deixou-se cair e viu o árbitro assinalar uma grande penalidade que Fabinho não desperdiçou, aos 37 minutos.

Quem está mais intranquilo, afinal?

Até ao intervalo, o Paços foi tentando responder à desvantagem, mas o Feirense acalmou com o golo e já não permitiu lances de contra-ataque ao oponente, estabilizando defensivamente.

A segunda parte iniciou-se com os castores a tentarem roer a resistência fogaceira mas a esbarrar sempre no mesmo obstáculo: Vaná, que realizou uma exibição soberba. O melhor momento pacense, porém, durou apenas dez minutos. A partir daí, os pacenses começaram a mostrar hesitações inexplicáveis – como a de Pedro Monteiro, que falhou e deixou Platiny na cara de Defendi, num lance em que a bola saiu a milímetros do poste.

E se aí ficou a ameaça, ela efetivar-se-ia poucos minutos depois. Numa sucessão de erros que deixou a dúvida sobre quem chegara a esta partida mais intranquilo, Pedro Monteiro voltou a vacilar, deixou fugir Patiny e acabou por derrubar o avançado do Feirense, já dentro da área, permitindo ao mesmo jogador aumentar a vantagem fogaceira e acabar com as dúvidas sobre o vencedor da partida.

Não se sabe se por influência do brilho que vinha do castelo, se por outra razão, a verdade é que as vitórias regressaram ao reino do Feirense e a equipa até arrancou alguns «olés» da bancada, tal a tranquilidade com que explanou o seu futebol nos últimos minutos.