Não houve gol, goal, but ou tor: foram golo em bom português. Os melhores marcadores portugueses da Liga justificaram as suas credenciais no relvado da Mata Real. Bruno Moreira superiorizou-se a André Claro e levou o Paços de Ferreira a terminar a primeira volta da Liga a um ponto do Sp. Braga (2-1).

Jorge Simão estipulou uma meta de 48 pontos e os castores vão bem lançados para esse objetivo, concluindo a 17ª jornada com 28. O Vitória, uma das boas equipas desta Liga, somou a segunda derrota consecutiva e termina a ronda na 9ª posição. Merecia algo mais na Capital do Móvel, ainda assim.

Bom duelo entre formações que privilegiam o futebol positivo, de olhos postos na baliza contrária. Os adeptos agradecem. Fica ainda outra nota de relevo: o P. Ferreira iniciou o jogo com 10 portugueses, o V. Setúbal com 9.

Bruno Moreira veio do aquecimento com a pontaria afinada e balançou as redes no primeiro remate do encontro. Boa jogada de envolvimento do Paços de Ferreira, a bola no lateral direito João Góis e este a tirar um belo cruzamento para finalização superior do ponta-de-lança, de cabeça.

Décimo golo de Bruno Moreira na Liga, numa demonstração clara de presença na área e capacidade no jogo aéreo. O avançado tem evoluído em vários aspetos e vai conquistando o seu espaço.

O empate nos pés por André, Claro

O Vitória de Setúbal viu-se a perder desde cedo mas respondeu com já perto da meia-hora, por intermédio de André Claro. Bruno Moreira tem altura e peso na área, o avançado sadino apoia-se na mobilidade e no instinto.

Atuando mais perto da baliza contrária, no primeiro encontro pós-Suk (reforço do FC Porto), o antigo jogador do Arouca aproveitou o equívoco defensivo do Paços para repor a igualdade.

Ao minuto 28, André Horta surgiu na esquerda e cruzou rasteiro para um primeiro desvio de Claro. Ricardo travou a bola mas esta ficou novamente ao alcance do avançado do Vitória que, de pé esquerdo, fuzilou Marafona. Oitavo golo na Liga.

A equipa de Quim Machado justificava por essa altura o golo. Já estivera perto do objetivo em dois ensaios de Ruca: de livre, o esquerdino atirou a centímetros do poste; mais tarde, surgiu na área para atirar às malhas laterais. O Paços respondeu num livre de Hélder Lopes, obrigando Lukas Raeder a enorme defesa.

Com Ruca e Costinha divididos entre os flancos e o apoio ao centro (ganhando ascendente nesse setor), Vasco Costa e André Claro iam abrindo espaços no último reduto pacense, sem uma ponta na lança sadina.

O Paços de Ferreira, assente no tradicional 4x2x3x1, entrou a marcar mas não conseguiu segurar a vantagem e acusou a falta de inspiração de alguns elementos que se têm destacado claramente, como os jovens Andrezinho e Diogo Jota.

Em cima do intervalo, Romeu arriscou o vermelho direto numa entrada muito dura sobre Costinha. Um lance que motivou fortes protestos do banco sadino.

Jorge Simão tirou o ouro do banco

Andrezinho, um dos menos inspirados, seria sacrificado ao intervalo. Já amarelado, o médio ofensivo deu o seu lugar a Edson Farías. Jota passou para o centro, jogando nas costas de Bruno Moreira.

A formação orientada por Jorge Simão entrou melhor na etapa complementar, acercou-se da baliza de Lukas Raeder e seria precisamente Edson Farias, que entrara ao intervalo, a abrir caminho para nova vantagem.

Logo após a hora de jogo, o brasileiro entrou na área com alguma atrapalhação à mistura, chegou primeiro que Gorupec à bola e forçou o lateral do Vitória a cometer grande penalidade. Edson Farias tirou partido da inocência do adversário no lance.

Bruno Moreira (quem mais?) foi chamado à conversão e não desperdiçou nova oportunidade: remate colocado, fora do alcance de Raeder. Registo impressionante de oito golos nas últimas sete jornadas para um total de onze na Liga, fechando o pódio de marcadores atrás de Slimani (13) e Jonas (18).

Quim Machado respondeu com o poderoso Arnold Issoko. O Vitória criou lances de perigo, é certo, mas sentia falta capacidade de choque de Suk. Herança pesada. Vasco Costa viu Marafona negar o 2-2, Costinha rematou ligeiramente por cima e, já ao cair do pano, Fábio Pacheco surgiu na área e cabeceou ligeiramente ao lado!

O Vitória de Setúbal fez o suficiente para sair da Mata Real com um ponto.

Referência final para mais uma expulsão de Rúben Semedo (por acumulação) e para o regresso de Manuel José à competição, após longa ausência por lesão.