Aquilo de que gostei no clássico, sem hierarquias.

Jonathan Silva. Ainda a pensar que opção arriscada de Marco Silva e já o argentino, inconsciente, a aparecer na grande área para fazer o golo. Incrível. Depois com o passar do tempo foram aparecendo as deficiências. O argentino vai embora muitas vezes e para muito longe. Nem sempre regressa a tempo. Tem garra, o que lhe permite ganhar duelos. Mas a colocação é deficiente e quando enfrenta um adversário com a bola dominada, sofre.

Logo a seguir a Jonathan, só se via a pressão do Sporting. Asfixiante. Foram 20 minutos de enorme qualidade, que regressaram nos últimos sete, oito minutos da primeira parte. Na equipa de Marco Silva, todos jogavam bem, do meio-campo para a frente.

Nani melhor do que os outros, sim. Mas Carrillo igualmente bem, a desequilibrar. João Mário com enorme sentido posicional, mas também com aquele falhanço de cabeça, ainda na primeira parte.

Mais à frente no jogo, Rui Patrício, a impedir que o melhor FC Porto chegasse para ganhar.

Escrevo melhor FC Porto e penso logo em Oliver Torres. Mais do que aquilo que jogou, a forma como jogou foi fundamental. A equipa de Lopetegui precisava de um médio que tivesse a bola e assumisse a condução dos ataques. O espanhol foi isso mesmo. A entrada de Tello também esticou a equipa e ao fazê-lo obrigou o Sporting a abrir mais espaços. Por onde Brahimi e Oliver começaram a entrar.

Tudo somado, acho que o Sporting saiu melhor do clássico do que o FC Porto. Até pelo que fez perante o Benfica, é hoje claro que o conjunto de Marco Silva está à altura dos rivais. Pode ganhar-lhes e tem consciência. Escrever isto é diferente de dizer que o Sporting tem plantel para ser campeão. Ter plantel significa profundidade e diversidade de soluções. Em 34 jornadas surgem desafios de diferente natureza, a reclamar alternativas adequadas. O tempo dirá. 

Para já, uma certeza: em menos de dois anos o Sporting saiu do fundo do poço e está no bom caminho para, de facto, um dia destes conseguir recuperar o título. Isso é mérito dos três últimos treinadores (alguma coisa começou em Jesualdo, muito continuou com Leonardo Jardim e está a ser desenvolvido por Marco Silva), da direção e dos jogadores.