A FIGURA

Bruno Varela, «Volta! Estás perdoado»

Regressado dos Jogos Olímpicos e também de regresso ao Estádio da Luz, depois de se ter transferido para o Bonfim no início da época, o guarda-redes vitoriano foi absolutamente fundamental para o empate e para o ponto conquistado pelo Vitória no reduto do adversário. Com quase duas mãos cheias de defesas, o guardião sadino negou o golo das águias até não dar mais, e só um penalti de Jiménez manchou uma exibição muito segura e decisiva, que lhe valem a distinção para o melhor em campo.

O MOMENTO

Segundos em campo e um penalti sofrido, foi preciso Gonçalo Guedes

O avançado encarnado entrou aos 81 e segundos depois conseguiu arrancar um penalti, após falta de Nuno Pinto. Na cobrança do penalti, Raul Jiménez fez o golo do empate do Benfica a poucos minutos do final do encontro.

Leia também a crónica do encontro na Luz

OUTROS DESTAQUES

Raul Jiménez

Merece o destaque pela importância que teve no jogo. Num primeiro momento porque obrigou Pizzi a voltar à ala, algo que melhorou significativamente o jogo dos encarnados, num segundo, obviamente, pelo golo marcado. Uma grande penalidade batida com grande frieza e que lhe permitiu reforçar o rótulo de «homem dos golos decisivos»

Fejsa

Mais uma exibição de grande nível do médio sérvio. Seguro na marcação, decidido a travar todas as investidas e mais algumas por parte da equipa sadina. À semelhança do que aconteceu noutros jogos, Fejsa voltou a dar nas vistas pela positiva, sendo o pilar e o único que efetivamente conseguiu ser assertivo na sua exibição.

Grimaldo

Mais uma boa exibição do lateral espanhol, melhor ofensivamente que defensivamente. Faz das arrancadas decididas e da capacidade de drible as suas armas, e isso ajudou a criar espaços na bem montada defesa sadina. Terá de ajustar alguns pormenores a nível defensivo mas é de facto um jogador que eleva o nível de futebol do Benfica no lado esquerdo, comparativamente à opção utilizada na época passada, Eliseu.

Júlio César

Apesar de não ter sido muito interventivo, o guardião brasileiro começou por inscrever o seu nome nos melhores aos 13 minutos, negando um golo praticamente feito por parte de Costinha. Uma mancha gigantesca e uma cobertura eficaz secaram por completo as várias tentativas do avançado vitoriano rematar à baliza, algo que nem chegou a acontecer. No segundo tempo negou um golo ainda mais fácil de concretizar com uma parada fabulosa a cabeceamento de André Claro, na sequência de um canto. Duas intervenções de grande nível que fizeram os adeptos e os companheiros suspirar de alívio.

Mikel

O médio emprestado pelo FC Porto aos setubalenses fez uma exibição de encher o olho, mostrando a José Couceiro mas também a Nuno Espírito Santo que poderá ser uma opção muito viável para o que resta da época. Secou por completo as investidas dos encarnados pelo meio, uma verdadeira muralha na defensiva sadina.

Estratégia montada por Couceiro

Contra um adversário e num estádio de más memórias (foi goleado e despedido na última vez), o treinador do Vitória montou uma estratégia bastante eficaz. Marcação cerrada aos municiadores de jogo, Pizzi e Mitroglou na frente, e depois muita inteligência nos dois momentos do jogo. No momento defensivo a estratégia passava por chamar o adversário, utilizando Mikel quase como terceiro central, para depois sair com maior facilidade. Já com a bola no meio-campo, o objetivo passou por chegar o mais rápido possível à baliza de Júlio César, explorando o espaço nas costas da defesa. Daí a colocação de Costinha como referência mais atacante, um homem mais rápido e móvel, tal como André Claro e Zé Manuel. No momento defensivo os sadinos procuraram anular as saídas de bola do Benfica, pressionando a primeira linha. Em caso de «fuga», as ordens eram para fechar os caminhos da sua baliza, conduzindo os encarnados a uma espécie de funil, onde arranjar linhas de passe nem sempre era fácil. Na segunda parte o técnico manteve tudo igual e conseguiu chegar ao golo, curiosamente num lance de bola parada. Uma lição de como defrontar uma equipa grande jogando fora de casa. Acrescentar ainda neste ponto as muitas interrupções levadas a cabo pelos sadinos nos períodos de maior ascendente do Benfica. Um grande borrão na pintura.

Fragilidades na defesa encarnada

Apesar de terem o jogo sob controlo durante a maior parte do tempo, o Benfica não se livrou de alguns sobressaltos na defesa. Se por um lado há mérito dos homens mais avançados do Vitória, por outro ficaram à vista algumas fragilidades da linha mais recuada dos encarnados, pese embora seja de facto o setor mais desfalcado das águias, com três ausências forçadas devido a lesão, uma delas o central titular, Jardel. A experiência de Júlio César e a ineficácia dos avançados sadinos partilharam as redes invioladas ao intervalo. Na segunda parte as coisas serenaram um pouco mas as bolas paradas foram uma dor de cabeça que nem uma caixa de aspirinas resolveriam. Sem cura à vista, haveria de ser na sequência de um lance desses o golo dos sadinos. Francamente negativa a prestação defensiva das águias.