E o campeonato acordou! Com o estrondo do tropeção do Benfica e dos 56 mil que assistiram na Luz ao empate do tricampeão frente ao Vitória, num jogo escaldante e cheio de emoção.

A igualdade é um prémio para a estratégia sadina, que acreditou que até podia sair com o triunfo, mas que teve de aguentar com tudo, o coração que os encarnados meteram nos minutos finais, depois de chegarem ao 1-1.

As águias perdem dois pontos, que ficaram na trave da baliza Sul, desta vez pequena para a recarga de Lindelof e porque nela esteve um gigante também: Bruno Varela.

Rui Vitória lançou Pizzi no meio a apoiar Mitroglou, Cervi e Salvio nas alas. O treinador encarnado apostou na imaginação do 21, mas a verdade é que o Benfica mostrou imensas dificuldades na criação. O Vitória esteve sempre atento ao corredor central, amarrou o Benfica que entre más decisões e falhas técnicas, fechou o primeiro tempo com alguns remates perigosos, mas com duas finalizações apenas na área sadina: de Mitroglou e Pizzi, ambas de cabeça. A Luz lembrou-se de Jonas, certamente.

Um dos vilões da noite benfiquista formou-se no Seixal: Bruno Varela voltou a defender quase tudo, como na pré-época em que as duas equipas se encontraram. Afastou os assobios que ouviu com defesa após defesa. Seria, porém, redutor resumir a igualdade a Varela e seria ainda mais redutor falar apenas nele, quando o Vitória surgiu apostado em surpreender. Ganhou, porque um empate numa Luz com 56 mil pessoas tem de ter esse sabor.

Na verdade, a primeira parte do guarda-redes sadino foi a ver o Benfica atirar de longe. Remates de Pizzi, Nelson Semedo e Salvio. O Vitória deixava os encarnados disparar da baía, com o jogo interior do Benfica a não entrar: Pizzi é muito melhor a aparecer no eixo central, do que estar lá. E com Cervi em baixa de produção, o Benfica saiu para o intervalo com um nulo e sabia que precisava de melhorar muito, com uns sadinos sempre dispostos a mirar a baliza de Júlio César.

Como se disse acima, dois cabeceamentos na primeira parte causaram as defesas mais difíceis a Bruno Varela. A bola parada parecia que podia resolver qualquer coisa para o lado benfiquista, mas foi o Vitória quem marcou. E ainda fez a ameaça antes, quando Júlio César defendeu um remate de André Claro na área.

O golo de Venâncio, num livre em que Lindelof defendeu a pedir fora-de-jogo, acordou o Benfica da pior maneira. Com muitos problemas na construção e, depois, na criação, Rui Vitória lançou primeiro Carrillo e depois Gonçalo Guedes. O Benfica apertou no esforço, usou menos a cabeça, mas chegou ao empate.

Gonçalo Guedes caiu na área derrubado por Nuno Pinto e Jimenez teve nervos de aço para bater Varela, pela única vez na noite. O mexicano não tremeu um instante na grande penalidade e permitiu ao campeão nacional ir à procura do triunfo.

Estádio em ebulição, quente atmosfera e o habitual: a cada decisão contra, a cada queda de um jogador do Vitória, o Benfica fervia, como ferveu o ferro da baliza de Varela, que depois de defender um livre de Grimaldo, viu Lindelof a atirar à trave e, minutos depois, viu o golo passar ao lado da baliza, quando Fejsa atirou e um defesa desviou para canto.

O campeonato está aí, quente como habitual, quente como este Agosto. Já ferve!