Chama-se Emanuel Fontes, mas no futebol quer ser conhecido como Manú. Depois deste domingo, tornar-se-á mais simples alcançar precisamente esse objectivo: ser conhecido. Autor de uma exibição de luxo, defendeu tudo o que havia para defender, segurou todas as bolas altas e foi o melhor.

O Mirandela vestiu-se de tomba-gigantes, afastou da Taça o V. Setúbal e Manú não escondia a felicidade. Com a voz trémula, brinco na orelha esquerda e ainda algum acne na cara, o jovem diz ter um sonho: seguir os passos de Eduardo e Paulo Lopes, guarda-redes de Mirandela que chegaram à primeira divisão.

Manú, o miúdo que sonha ser Eduardo Paulo e Lopes

«É o sonho de qualquer jogador: chegar lá cima, ao topo. Trabalho para alcançar esse sonho e sigo os exemplos de Eduardo e Paulo Lopes. São portugueses da terra, espelho-me neles e luto para um dia atingir uma vida como a deles», diz, ele que garante haver «muita qualidade nas camadas jovens.»

Habitualmente suplente do brasileiro Armando, o jovem guarda-redes de 21 anos foi lançado às feras e acabou por viver uma tarde de sonho. Deram-me a oportunidade e tive de a agarrar com tudo», atira. «Para ser sincero, não dormi muito bem. Acordei muitas vezes, estava muito ansioso.»

Mirandela celebra com alheiras (e até o Setúbal foi à festa)

«A entrada em campo também não foi fácil, estava um bocado nervoso. Nunca tinha jogado com tanta gente à minha volta. Mas os adeptos apoiaram-me e a primeira defesa a remate do João Silva foi essencial, deu-me confiança para fazer o que sei. Depois ficou tudo normal: foi um jogo como os outros.»

Não sabe se vai voltar a ser titular no próximo domingo, mas ganhou a legitimidade de sonhar. «Agarrei a minha oportunidade. Foi uma boa estreia. Os meus colegas confiaram em mim. O mister também disse que confiava em mim, que confiava no meu valor e que fizesse o que sei. Foi perfeito.»