Foi um privilégio assistir ao vivo ao Manchester City-Chelsea. Público fantástico, ambiente extraordinário! Ninguém se calou, de um lado e do outro. Ouviu-se gritar pelo treinador português do Chelsea, o já famoso cântico «José Mourinho». Mas também ecoou pelo Etihad o habitual «Come on City».

Na verdade, o jogo não começou esta segunda-feira. O pontapé de saída foi dado por José Mourinho mal acabou a partida anterior. Elevou a tensão, colocou pressão. Fez sentido.

O Chelsea apareceu muito seguro, com todos os jogadores conscientes do que tinham a fazer. O Manchester City, pelo contrário, teve poucas ideias e falta de criatividade. Sem poder de fogo.

Mourinho foi o grande vencedor da noite.

Fiquei por trás dos bancos, o que me permitiu ver a diferença entre Mourinho e Pellegrini.

O treinador português nunca se sentou, sempre no limite da área técnica. Gesticulou, escreveu muito no caderno de notas. Na segunda parte esteve mais interventivo. Mal a equipa perdia a bola, pedia logo a recuperação, que todos se reagrupassem. E o Chelsea conseguiu sempre fazê-lo. Foi uma verdadeira equipa.

Do outro lado, Pellegrini começou sentado, levantou-se aos três minutos. Manteve sempre o ar sério que o caracteriza. Nunca esboçou grandes reações. O chileno só nos descontos teve uma ação forte. O guarda-redes queria ir ao canto e ele disse que não. Hart ficou desolado, mas o treinador mostrou autoridade.

São duas formas de estar no jogo. Nem um está certo, nem outro está errado.

Quando o jogo acabou, cumprimentaram-se.

Mourinho saiu para o balneário. Na bancada, os milhares de adeptos voltaram a gritar «José Mourinho!», mas ele já nem deve ter ouvido. Pellegrini ficou por ali, à entrada do túnel. Fez questão de cumprimentar todos os jogadores. E por fim a equipa de arbitragem. Então sim, dirigiu-se para o balneário, como quem encerra um capítulo e se prepara para começar outro. Afinal, o Manchester City está em segundo, ao lado do Chelsea, apenas a dois pontos do líder Arsenal.

Os treinadores optaram por colocar à frente da defesa dois jogadores que costumam atuar no centro da defesa. A posição não é nova para nenhum deles.

O argentino teve bons cortes, posicionou-se quase sempre bem. Mas ficou a sensação de que faltou algo mais.

Ao lado de David Luiz esteve Matic , também ele ex-jogador do Benfica. Gostei do que fez. Não creio que tenha feito um grande jogo, em parte porque a estratégia era manter aquela zona protegida, apostando depois nas saídas rápidas dos quatro da frente. Na primeira parte, o Chelsea chegou a dispor de um lance em que ficou quatro para um, o exemplo máximo dessa estratégia.

Matic teve um remate fabuloso e uma boa recuperação. Deu ao Chelsea o que a equipa não tinha nesta posição. Tal como tinha dito José Mourinho, é para ser útil já.

Do lado do Manchester City, o jogo vive ao ritmo de Yaya Touré e David Silva. Esta noite faltou poder ofensivo, muito por mérito da forma de jogar do Chelsea.

Um outro destaque: Cech esteve muito bem. Aliás, Hart também. Em parte, isso explica que um jogo assim, fantástico, com tantas oportunidades, tenha sido decidido apenas por um golo. O Chelsea foi um justo vencedor, o jogo merecia mais golos.

Deixo para o fim o homem do jogo, para mim
Hazard . É craque. O internacional diz que quer ser dos melhores do mundo e está a caminho de conseguir. Esta noite foi ele quem acelerou, quem desejou a bola. Nesta altura, Hazard é a mais-valia do Chelsea. Assume, é rápido, é forte, vai para cima do adversário. Foi aplaudido por Mourinho numa recuperação de bola junto ao banco do Chelsea. O talento era conhecido, mas Hazard já é hoje mais do que «apenas» um jogador talentoso.

Apesar do frio intenso, a noite de Manchester foi quente e o futebol jogado de notável qualidade.