*Enviado-especial ao Brasil

A figura: Thomas Muller


Em 2010 começou com um golo, agora triplicou a parada. Além disso, está no lance da expulsão de Pepe. Foi, portanto, decisivo. Depois de ter sido eleito o Melhor Jovem do Mundial da África do Sul, entrou a todo o gás, surgindo naquela posição mista de falso ponta-de-lança, o que baralhou os centrais portugueses. Foi assim, por exemplo, que apareceu bem a ganhar o ressalto a Bruno Alves no lance do terceiro golo, fazendo algo parecido no quarto. Foi demais para a equipa lusa.

O momento: o pénalti

Minuto 10. Gotze ganha a frente a João Pereira, dentro da área, e cai, tocado pelo lateral português. Não é o pénalti mais nítido que o futebol já viu, mas há um toque e um puxão. Muller não perdoou, Portugal viu-se a perder cedo e o descalabro começou ali.

A desilusão: Pepe

Imperdoável. É verdade que, muitas vezes, o central do Real Madrid tem mais fama do que proveito, mas também é certo que para ganhar a fama alguma coisa deve ter feito. E o momento de descontrolo desta tarde, em Salvador, não pode nunca acontecer, ainda para mais num jogo visto em todo o mundo. Embaraço para Portugal, embaraço para o central, já antes batido por Hummels no segundo golo. Se apanhar dois jogos e a equipa de Paulo Bento não melhorar, arrisca ver o Mundial já terminado.

Outros destaques

João Pereira


Em dez minutos, a Alemanha já tinha lançado duas bolas para as costas do lateral português, com passes longos. Houve trabalho de casa e nem foi dos mais competentes: é crónico e o lateral do Valência nada pode fazer. O problema da altura vai persegui-lo por muita entrega (por vezes em demasia) que coloque em campo. Fica ainda ligado ao penálti que deu início ao descalabro português. Não teve força para Gotze, ficou nas covas e respondeu com o que tinha. O árbitro viu…

Nani

Na hora de escolher o melhor de Portugal percebe-se que a tarefa é difícil…Nani, contudo, teve o mérito de deixar Portugal mais perto do empate do que qualquer outro, com um remate fortíssimo que saiu a rasar a trave. Foi a sua melhor amostra no primeiro tempo, o período em que, de facto, o jogo foi mais dividido. No segundo, com Portugal reduzido a dez, foi puxado para zonas interiores e esteve menos em evidência. Espera-se mais com os EUA, ainda assim.

Cristiano Ronaldo

Apagado. Sabe que tem o mundo de olhos postos no que faz e não muda uma linha no seu registo. Não se escondeu do choque, apesar dos problemas físicos que marcaram a preparação para este Mundial. Mas a bola quase nunca lhe chegou nas condições ideais, o que, na forma como joga, é fatal. Só se destacou num míssil, de livre, em cima do apito final, que deixou Neuer de mãos a arder. Portugal pedia mais, claro, mas o acompanhamento não foi o melhor.

Fábio Coentrão

Apanhou um Ozil inspirado e até se estava a aguentar com o ex-companheiro. Pecou ao ser demasiado altruísta na área, tentando oferecer um golo que deveria ser seu e poderia relançar o jogo. Saiu lesionado e parece grave. Acabou o Mundial?

Rui Patrício

Não sabe jogar com os pés. E não melhora com o passar dos anos, o que é preocupante. Esta tarde comprometeu.

Éder

Fez o que conseguiu. Pode ter ganho aqui o lugar para o jogo com os EUA, até porque será preciso rever a lesão de Hugo Almeida. Ainda assim, esteve melhor que o avançado do Besiktas.

Ozil

Na véspera tinha sido dado como suplente pela imprensa germânica, mas Joachim Low não abdicou dele para este jogo. Depois da amostra de qualidade, algo já habitual no médio alemão, difícil era perceber como poderia ir para o banco. Pormenores de qualidade, colado sobretudo ao flanco direito. Não deixou Coentrão descansar.

Lahm

O seu posicionamento em campo foi um dos temas de maior destaque na Alemanha. Afinal, numa época em que Guardiola descobriu no antigo lateral, um médio de inegável categoria, como seria na seleção? Low repetiu a receita do Bayern, juntando Lahm à dupla Khedira-Kroos. O meio-campo português não lhe deu muito trabalho, é certo, mas a aposta parece, realmente, certeira. A confirmar nos próximos jogos.