O selecionador de râguebi de Portugal, Patrice Lagisquet, espera que a Comissão Disciplinar Independente que vai analisar o cartão vermelho mostrado a Vincent Pinto no encontro com o País de Gales reverta a decisão do videoárbitro.           

«Espero que cancelem o cartão vermelho e fique apenas amarelo. Podem fazê-lo, já o fizeram com outros jogadores, e penso que é o adequado nesta situação», referiu Patrice Lagisquet no decorrer de uma sessão de «rescaldo» do encontro da estreia de Portugal no Mundial frente aos galeses.

Vincente Pinto responde por «ação imprudente»

Recordamos que o ponta Vincent Pinto foi expulso aos 77 minutos na derrota com o País de Gales, por 28-8, após ser colocado no bunker pelo árbitro do encontro, o inglês Karl Dickson, e o vídeoárbitro (TMO) decidir agravar a penalização para cartão vermelho.

Esta é uma regra que foi introduzida no Mundial de França2023, que permite continuar a analisar as imagens de um lance durante mais oito minutos em situações que sejam consideradas, no mínimo, para cartão amarelo, mas em que o TMO não consiga decidir se o lance é para cartão vermelho nos primeiros dois minutos de interrupção do encontro.

«Não posso concordar com a decisão. Se virmos a posição do Vincent Pinto, ele estava no ar, a virar-se para proteger a bola, e perdeu o equilíbrio nessa ação. Podia ter-se lesionado quando caiu no chão, foi tão perigosa para ele próprio como para o adversário», justificou o técnico francês.

Por isso, concluiu Lagisquet, «foi uma decisão demasiado dura para este tipo de situação».

«Diferença para o País de Gales esteve na eficiência perto da linha de ensaio»

O selecionador voltou também a analisar o jogo de sábado frente ao País de Gales, considerando que a diferença no resultado final (28-8) esteve «na eficiência perto da linha de ensaio».

Patrice Lagisquet admitiu que os lobos podiam ter conseguido «um resultado mais próximo», mas lembrou que ainda estão «a aprender a jogar a este nível».

«O jogo teve 43 minutos de tempo efetivo, o que é imenso para nós. Talvez tenha sido o desafio com mais tempo de jogo útil neste Mundial. Mas, como vimos, quando estivemos perto da linha de meta, não fomos suficientemente eficientes. Essa é a grande diferença entre as duas equipas», comentou.

Segundo o técnico francês, quando se joga «a este ritmo e velocidade, é difícil manter a clarividência» e, por isso, nalgumas situações «os passes não foram suficientemente precisos» ou «as decisões não foram as melhores».

Lagisquet considera ainda que o esforço que os lobos tiveram de aplicar para anular o poderio dos jogadores do País de Gales também contribuiu para «retirar clarividência nas ações».

«É difícil manter o equilíbrio certo em todas as disputas, placagens, ruck’ e, ao mesmo tempo, ser capaz de fazer um grande passe e marcar quando se tem a oportunidade. É difícil ser eficiente nestas circunstâncias. Espero que tenha sido isso que os jogadores aprenderam neste jogo», resumiu.

No mesmo sentido, o selecionador diz ter «a certeza» de que jogando da mesma forma «contra Espanha ou Roménia», seleções que Portugal está «habituado a defrontar», a seleção nacional «teria marcado vários ensaios nas mesmas situações».

A menos de uma semana do embate com a Geórgia, outro adversário habitual no Europe Championship, o francês lembrou, no entanto, que já estão num nível superior. «Vai ser igualmente difícil sermos eficientes contra eles, porque, para mim, o nível não é assim tão diferente. O País de Gales está no 9.º ou 10.º lugar [oitavo] no ranking da World Rugby e a Geórgia está logo atrás [13.º]», advertiu.

A seleção portuguesa, depois da estreia frente ao País de Gales, vai agora defrontar, no próximo sábado, a Geórgia, num grupo em que terá ainda de medir forças com a Austrália (1 de outubro) e as Fiji (8 de outubro).