Uma das críticas mais presentes no momento atual do FC Porto é a alternância de esquemas táticos. Além de rodar muitas vezes os jogadores (repetiu em Leicester pela primeira vez um onze dois jogos seguidos), Nuno Espírito Santo tem vindo a usar, também, o 4-3-3 e o 4-4-2. O treinador insiste numa ideia que já tinha deixado noutras conferências de imprensa: o sistema é menos importante do que a ideia.

«Respeito todas as análises que se possam fazer a nível exterior. Respeito. Mas temos a nossa ideia. Uma ideia de jogo é muito mais importante do que um modelo ou um sistema tático. E essa ideia queremos construir, queremos que esteja assente em todos os jogos e tem sido assim», analisa.

Rejeitando que o FC Porto tenha acabado o jogo de Leicester em 4-3-3, Nuno concorda, porém, que os últimos minutos foram os melhores do FC Porto. «Foi quando a equipa esteve mais próximo da ideia que temos», considera.

E explica, então, essa ideia: «É uma ideia que passa por ser uma equipa dominadora, que controla o jogo, que consegue muitas ações no último terço. O que faltou? Ser mais eficaz. O que temos de fazer amanhã é reproduzir esses momentos e transformar 25 minutos em 90. Esse é o grande passo e o grande desafio. A equipa está consciente e tem, acima de tudo, uma fome de vitória tremenda.»

O sistema tático é, por isso, indiferente: «4-3-3, 4-4-2, 4-1-3-2, 4-4-2 losango, 3-5-2…São tudo dinâmicas de jogo que existem, mas o fundamental é saber a nossa ideia de jogo. A nossa ideia de jogo é de uma equipa que tem uma construção elaborada, que quer chegar com critério, ser dominadora e controladora. Não dar a posse pela posse, materializar a posse em produção e eficácia.»

Confrontado com a escassa utilização de extremos de raiz, Nuno acredita que é algo pontual. «Há espaço para extremos», diz. E até especifica as funções: «Queremos que, quando joguem, ocupem zonas interiores, mas sejam capazes, também de dar largura à equipa.»

Salienta, ainda, a «dinâmica dos laterais projetados» que tem tentado implementar.

«São tudo dinâmicas que queremos que sejam evidentes no jogo. Tudo dinâmicas que queremos que sejam visíveis na nossa ideia. Falta o quê? Materializar, ser eficazes e conquistar vitórias de forma continuada para que tudo isto não passe apenas do que vocês queiram falar. Nós somos conscientes do que queremos fazer. Os jogadores sabem e conhecem o processo, dão o seu melhor e estamos confiantes que este é o caminho», encerrou.