No final do clássico, Jorge Jesus elogiou a qualidade tática dos jogadores do Benfica. Os números, recolhidos pelo Centro de Estudos do Futebol da Universidade Lusófona, permitem perceber porquê.

Num jogo de escassa qualidade técnica e com muito tempo perdido, o golo cedo, o rigor tático do Benfica e a incapacidade do FC Porto para pegar no jogo explicam o resultado.

O Benfica começou por ser muito eficiente a pressionar o FC Porto. Das perdas de bola do campeão nacional, sete por cento sucederam na fase de construção. Um número invulgarmente elevado e que sublinha a dificuldade sentida pela equipa de Paulo Fonseca. O Benfica, do outro lado, nunca perdeu a bola nessa zona. Ou seja, a segurança imperou à frente de Oblak.

Por causa do golo de Rodrigo, o Benfica recuou um pouco as linhas. Continuou sempre a conseguir recuperar bolas mais perto da grande área portista, mas cerca de metade foram «roubadas» perto da sua própria área. Um sinal mais da eficiência da linha defensiva dos encarnados. Os laterais subiram menos do que é costume, o FC Porto raramente descobriu espaço para jogar. E muito menos para rematar.

Ao contrário do que é habitual nas equipas de Jesus, o Benfica nunca se esqueceu de que era preciso defender. Mesmo quando atacava. Por isso, o FC Porto raramente conseguiu fazer transições. Apenas duas, em noventa minutos. Uma delas deu oportunidade de golo.

O Benfica conseguiu nove transições, momentos em que apanhou o adversário desprevenido. Daí resultaram três oportunidades e o golo de Rodrigo, aos 13 minutos.

Muito intenso e marcado pela homenagem a Eusébio, o clássico foi um jogo de emoções fortes, mas sem brilhantismo técnico. Os remates e o elevado número de faltas certificam esta ideia.

O Benfica, por exemplo, conseguiu apenas três remates enquadrados com a baliza. Dois deles deram golo. Tudo somado, sete remates. Dois na primeira, os outros cinco até aos 68 minutos. Quando o FC Porto ficou reduzido a dez, Jesus aproveitou para se certificar de que não correria mais nenhum risco.

O FC Porto rematou ainda menos. Duas vezes na primeira parte e outras tantas depois do intervalo. Oblak, que mereceu a confiança de Jesus, fez duas defesas, a remates de Lucho e Carlos Eduardo.

O jogo teve 38 faltas. O Benfica cometeu onze na primeira parte e sete na segunda. O FC Porto fez menos nos primeiros 45 minutos (sete) do que após o descanso (13).

Siqueira foi o jogador mais castigado: cinco faltas. Do lado do FC Porto, Mangala sofreu quatro faltas, o que dá uma ideia do empenho defensivo dos avançados do Benfica. Nove das 18 faltas dos encarnados foram cometidas pelos quatro jogadores mais adiantados: Rodrigo, Lima, Gaitan e Markovic. 

Alex Sandro foi o jogador portista que cometeu mais faltas: quatro. 

O tempo útil de jogo foi muito baixo: só 43 minutos e 56 segundos. O tempo total de paragem foi superior a 50 minutos. O jogo teve 94 minutos.

No total, o clássico teve 135 paragens. Em média, uma paragem a cada 42 segundos. Cada paragem durou, em média, 22 segundos.

O Centro de Estudos do Futebol da Universidade Lusófona analisou os lances em que mais tempo se gastou. Os livres são os maiores consumidores de tempo: 24 minutos! A seguir, lançamentos laterais: 13 minutos. Pontapés de baliza: sete minutos. Pontapés de canto; três minutos. Uma última curiosidade: o segundo golo foi mais festejado. Os abraços a Garay demoraram 74 segundos. Rodrigo demorou 66 segundos a comemorar.