«O Meu Bairro em Botafogo» é o espaço de opinião do enviado-especial do Maisfutebol aos Jogos Olímpicos de 2016. Pode seguir o jornalista Pedro Jorge da Cunha no Twitter.

O café vem frio e o pão já foi fresco. O hotel está em obras e o pedreiro não para de martelar. O táxi chega atrasado e o entrevistado ameaça não esperar pela entrevista.

A entrevista acontece, mas do lado errado da cidade. Perdão? Não, a Aldeia Olímpica é que está do lado certo, a 42 quilómetros. O trânsito emperra, os condutores gritam e buzinam, da Baía de Guanabara à Barra da Tijuca, com Botafogo, Copacabana, Leblon e Ipanema pelo meio.

Há filas para o autocarro, há filas para entrar no Media Centre, há filas para almoçar uma massa vegetariana. E um rapazinho, só um, a atender centenas de jornalistas. Há um berro: ‘ninguém ajuda o menino?’ O menino sorri e agradece.

O BRT, espécie de ônibus avantajado, está no lugar certo e à hora certa. Afinal não, não é esse, é aquele. Qual? O que ainda há de chegar.

Credenciais em dia? Não, a senhora da secretaria esqueceu-se de nos registar. Um telefonema, tudo se resolve, tem de se resolver. Obrigado Leandro Barroso, João Malha e José Garcia, trio maravilha do COP.

Começa a visita, tudo ótimo, maravilhoso, afinal a Aldeia é linda e os australianos não. Olhem, até vou ao WC. Esperem. Oooops, esqueçam, esqueçam, está tudo entupido. Não entrem aí.

Até logo, vamos para o lado errado da cidade. BRT 1, BRT 2, BRT 3, Metro e táxi. Exausto, encostado ao vidro da janela. Stop. Em frente à Academia de Letras Brasileira. Uma placa à porta: A UTOPIA DA IMPOTÊNCIA.

Bingo, brilhante, tenho de escrever sobre isto.