Dois golos sofridos, catorze pontos e o terceiro lugar da liga inglesa em igualdade com o Chelsea.

O Southampton está a viver uma fábula de encantar e destaca o português José Fonte num dos papeis principais:
titularíssimo na defesa menos batida de Inglaterra.

O central de 29 anos vive a melhor fase da carreira e diz que nada acontece por acaso. «Temos jogadores, treinador, presidente e adeptos para ir muito longe», atira.

Cinco jogos sem sofrer golos, incluindo a deslocação a Anfield Road, dão-lhe razão.

«Tem muito a ver com a organização que o treinador introduziu na equipa. Pochettino é um mister que trabalha muito os aspetos defensivos e vai ao mais ínfimo pormenor na preparação dos jogos.»

José Fonte cumpre de resto a quinta temporada no Southampton e o Maisfutebol não esquece quando há cinco anos trocou o Crystal Palace (então na II Liga) pelo Southampton (que estava um escalão abaixo). «Estou a dar um passo atrás para depois dar dois em frente», disse na altura.

Cinco anos depois, e duas subidas de divisão consecutivas, não há dúvidas que tinha razão.

«Foi uma decisão difícil, mas eu sabia o que estava a dizer. Antes de mais ia ganhar o dobro. O Crystal Palace estava em dificuldades financeiras, os dirigentes vieram pedir-me para aceitar e o treinador disse-me que queria ficar comigo, mas ou eu aceitava ou o clube fechava.»

Aceitou, claro.

«Falei com o presidente do Southampton que me disse que tinha um projeto ambicioso. Mostrou-me os jogadores que ia contratar, tinha conseguido um treinador de Liga, que era o Alan Pardew, por isso não tive dúvidas que era uma decisão acertada.»

Esta temporada o Southampton atingiu o ponto mais alto: o terceiro lugar após sete jogos.

«O presidente só contratou três jogadores, mas gastou quase quarenta milhões de euros.»

Comprou o sérvio Dejan Lovren (ex-Lyon) por 10 milhões para a defesa, o queniano Wanyama (ex-Celtic) por 13 milhões para o meio campo e o argentino Pablo Osvaldo (ex-Roma) para o ataque, por 15 milhões de euros.

Dejan Lovren, para já, é o reforço que mais dá que falar: faz com José Fonte a dupla de centrais que permite ao Southampton só ter sofrido dois golos em sete jogos.

«A nossa evolução tem sido muito boa, muito rápida, é fácil jogar com ele e é difícil encontrar dois centrais que se entendam tão bem em tão pouco tempo», explica. « A verdade é que o nosso entendimento é perfeito. Até fora de campo somos parecidos, gostamos das mesmas coisas, ambos temos um filho pequeno e muitos interesses em comum.»

Por aqui já se vê como a vida sorri a José Fonte.

«Estou claramente na melhor fase da minha carreira. As coisas têm-me corrido particularmente bem e sinto que atingi o máximo. Agora vou trabalhar para prolongar este momento muito tempo.»

Perante isto, e perante a crueza dos números que não deixam dúvidas, a pergunta torna-se obrigatória: para quando a seleção nacional?

«Tenho a certeza absoluta que o mister Paulo Bento está atento à liga inglesa e que tem seguido o meu trabalho. Tenho de compreender que há outros centrais que estão a fazer uma boa época. Mas claro que tenho essa ambição», atira.

«Tenho 29 anos, sou um jogador experiente, tenho quase 300 jogos no futebol inglês, estou numa grande montra e estou num bom momento de forma. Estou a fazer o máximo de barulho possível e vou continuar a bater à porta da seleção com o meu trabalho.»

José Fonte cresceu e há muito deixou de ser um jovem promissor. Abandonou a juventude no Sporting, os dois anos sem oportunidades no Benfica, fez-se jogador no difícil futebol inglês e impôs-se como titularíssimo da melhor defesa da liga inglesa.

Os adeptos cantam o nome dele e José Fonte sorri. «Espero dar-lhes razões para cantar o meu nome mais vezes.»