Tricampeão grego, o Olympiakos parece embalar para mais um título tranquilo, pese embora o bom início de época do PAOK de Miguel Vítor. Cumpridas oito jornadas, o adversário do Benfica na Liga dos Campeões já lidera o campeonato interno de forma isolada, e ainda não perdeu qualquer jogo. A superioridade para a concorrência é tal, pelo que se vai vendo e pela realidade dos últimos anos, que é difícil imaginar o título noutras mãos. A Liga dos Campeões acaba, por isso, por ser encarada com outros olhos.

A nível interno o Olympiakos só não venceu um jogo: ficou pelo nulo no reduto do Panaitolikos, no jogo seguinte à goleada sofrida na receção ao PSG (1-4), na primeira jornada da Liga dos Campeões. Na segunda ronda da prova europeia a equipa grega venceu de forma clara no reduto do Anderlecht (3-0), e ficou em igualdade pontual com o Benfica.

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Tendo em conta a realidade interna dos últimos anos, o Olympiakos é uma equipa habituada a jogar declaradamente ao ataque. É uma formação formatada para dominar os jogos, a vencer quase sempre, muitas vezes a golear. Em 11 jogos oficiais marcou 33 golos, o que dá uma fantástica média de três golos por jogo. Contratado em fevereiro para suceder a Leonardo Jardim, Michel tem colocado a jogar a equipa em 4x2x3x1.

O Olympiakos gosta de assumir logo o comando dos jogos, de impor o ritmo. É o seu ADN. Sem um «playmaker» declarado, é a conhecida movimentação de Saviola que muitas vezes desequilibra os adversários. Mitroglou pode ser a grande figura da equipa, neste momento, mas sem «El Conejo» nada seria igual. O antigo jogador do Benfica aparece muitas vezes na denominada «posição 10» para receber a bola, mas também nas costas dos laterais contrários, ou depois na área para finalizar. Está em todo o lado. Um ótimo complemento para Mitroglou, tal como acontecia no Benfica, com Cardozo.

Quando Saviola fica de fora, ou quando joga como ponta de lança, o lugar de segundo avançado (ou médio ofensivo) fica para Alejandro Domínguez. Um jogador que aparece menos em zonas de finalização, mas mais forte do que Saviola no último passe.

Outro jogador muito importante a criar oportunidades é o espanhol David Fuster, que normalmente parte da ala mas funciona como um «playmaker», aparecendo à frente dos dois médios mais defensivos. Já Vladimir Weiss e Joel Campbell exploram mais a linha, mas muitas vezes jogam no flanco contrário ao pé preferido, e por isso gostam de fazer diagonais para o centro, mas mais para a «linha de tiro», e não tanto para a zona do passe decisivo.

Os buracos para explorar e o peso das bolas paradas

Esta vocação ofensiva do Olympiakos cria alguns problemas defensivos, mesmo que a nível interno isso não se note muito. E ainda que os médios mais defensivos (Maniatis e Samaris, habitualmente) sejam capazes de dar uma boa cobertura. Só que o quarteto defensivo é apanhado muitas vezes em contra-pé, sobretudo pelo lado esquerdo (que na Luz deve ser ocupado por Holebas, um lateral que sobe muito com a bola no pé).

Outro aspeto a ter em conta é algumas descompensações frequentes no eixo defensivo, dada a tendência dos centrais em deixar a posição para pressionar elementos que aparecem entre linhas, ou para acompanhar o movimento dos avançados, deixando um buraco lá atrás. O primeiro golo do PSG em Atenas é um exemplo disso mesmo, mas não é caso único.

O duelo com a equipa francesa reporta-nos ainda para a questão das bolas paradas. É que o Olympiakos tem apenas sete golos sofridos em onze jogos, mas quatro foram marcados pelo PSG, e três dos quais de canto.

O problema não se repetiu, mas deve ser tido em conta. As bolas paradas defensivas devem, indiscutivelmente, ser uma preocupação de Jorge Jesus. É que o Olympiakos é uma equipa que trabalha muito este tipo de lances. Basta dizer que os cinco primeiros golos da época foram apontados desta forma. Depois foram marcados mais três, para um total de oito (três de canto, três de livre indireto, um penalti e um livre direto).